A Casa da Música, no Porto, vai inaugurar o ano dedicado à Rússia este fim de semana, contando a programação entre sexta-feira (15 de janeiro) e domingo (17) com obras de nomes como Stravinski, Schnittke ou Rachmaninoff.

“A primeira narrativa do ano convida-nos a descobrir a alma da música russa numa linha de programação que se estende ao longo do ano”, indica a Casa da Música.

Desde 2004 com a Orquestra Sinfónica do Porto, a violinista Maria Kagan, natural de Moscovo, disse à Lusa que recebeu a notícia de que 2016 seria o ano da Rússia “com felicidade enorme”, porque se trata da sua “alma”.

A também violinista e também natural de Moscovo Ianina Khmelik, em Portugal desde os 15 anos, suspira quando se recorda do momento em que soube que iriam interpretar a integral das sinfonias de Prokofieff, que arranca no dia 29 deste mês: “A música dele é tão completa”.

Mais tarde, questionadas sobre as suas preferências pessoais a nível de compositores russos, Maria Kagan responde com Tchaikovsky e Ianina Khmelik com, precisamente, Prokofieff.

Sobre o atual posicionamento da Rússia a nível político, Ianina Khmelik diz pensar que “a Rússia está a tentar ser um país democrático, embora não o seja”, antes de questionar: “Mas se falarmos de democracia onde é que existe democracia neste momento? Nos países nórdicos, provavelmente”.

Acima de tudo, as duas violinistas que integram a Orquestra Sinfónica do Porto dizem esperar que se evite o pior, como uma guerra, acontecimento que pontua as obras de diversos compositores que vão estar em destaque ao longo da programação da Casa da Música dedicada à Rússia.

“Só espero que não haja guerra. É uma tragédia que todos temos que tentar evitar e a música e a arte são um escape para tentar evitar essas guerras”, afirmou Khmelik.

Em relação à evolução do país ao longo das últimas décadas, Maria Kagan responde que “depende de onde [se quer] ver evolução”, uma vez que “no plano cultural, os concertos estão sempre cheios e o público é novo” numa cidade que dizem ter muita oferta.

Na sexta-feira às 21:00, a sala Suggia vai receber o concerto n.º 4 para violino e orquestra de Alfred Schnittke e “A Sagração da Primavera”, de Igor Stravinski, estando a direção musical a cargo do maestro titular da Orquestra Sinfónica do Porto, Baldur Brönnimann.

No sábado às 18:00, o Remix Ensemble vai interpretar obras também de Stravinski e de Schnittke, enquanto no domingo Paul Hillier dirige o Coro Casa da Música nas “Vésperas” de Rachmaninoff.