A responsável explicou, em entrevista à agência Lusa que, apesar de Portugal ter implementado medidas “muito séries” contra a pandemia, a organização da feira considerou, mesmo assim, ser “importante atrasar alguns meses” a realização da feira.

A Câmara Municipal de Lisboa, a Feira Internacional de Madrid (IFEMA) e o Comité Organizador da ARCOlisboa decidiram, na semana passada, que o evento previsto inicialmente para maio se iria realizar de 16 a 19 de setembro, e que “excecionalmente” também seria transferido da Cordoaria Nacional para a Doca de Pedrouços.

Maribel López espera que, até setembro, a vacinação em curso contra a covid-19 possa permitir realizar a feira em melhores condições e, nomeadamente, facilitar a deslocação a Lisboa de galerias e colecionadores espanhóis e de outros países.

Por outro lado, o novo espaço “também muito especial, com muita luz e mais arejado”, reúne as condições de segurança contra a pandemia.

A lotação vai depender do que for autorizado pelas autoridades portuguesas e será definida mais perto do início do evento.

“A nossa ideia é regressar, no futuro, à Cordoaria Nacional, mas muitas coisas podem ainda acontecer”, disse a diretora da ARCOlisboa que agradeceu à Administração do Porto de Lisboa ter disponibilizado o espaço onde a feira se vai realizar este ano.

A quinta edição da ARCOlisboa vai reunir "mais de 60 galerias" nacionais e internacionais, o que significa uma participação de galeristas “mais reduzida, mas não de uma forma radical”.

Depois de ter sido cancelada em 2020, devido à pandemia, tendo tido apenas algumas manifestações a nível digital, de galerias participantes, entre maio e junho, esta será a quinta edição em termos físicos da 'irmã mais pequena” da ARCOmadrid, o 'evento estrela' no setor da arte contemporânea, organizado anualmente pelo IFEMA.

A ARCOlisboa começou por ser uma feira com um pequeno formato, em 2016, com 40 galerias, tendo de imediato crescido para 58, no ano seguinte, antes de se expandir para 70, em 2019.

Maribel López confessou que a pandemia obrigou em 2020 a realizar “mudanças no mercado de arte”, nomeadamente no desenvolvimento de “espaços digitais”.

“Agora o objetivo é tentar não perder tudo o que conseguimos em termos positivos no contacto entre pessoas com o digital, e recuperarmos o físico”, disse à Lusa a diretora da ARCOlisboa que tem as mesmas funções na ARCOmadrid, que se realiza a 07-11 de julho próximo, na capital espanhola.

A responsável pela feira considera que o evento em Lisboa é “pequeno”, quando comparado com o de Madrid, mas que se trata de “uma aposta a longo prazo”, que já é “sustentável”, estando “a crescer e com potencial para ser um bom negócio”.

O programa geral do evento será constituído pelas galerias selecionadas pelo comité organizador, havendo ainda programas comissariados.

Um deles será a secção Abertura, que este ano cresce com a participação de um maior número de galerias; o outro, com o nome de “Kunsthalle Lissabon”, que trará novos artistas e cenários, assim como “África em Foco”, mais uma vez comissariada por Paula Nascimento, que vai propor “descobertas artísticas sedutoras a colecionadores e amantes da arte africana”.

A edição de 2020 da ARCOlisboa, que se devia realizar de 14 a 17 de maio do ano passado, na Cordoaria Nacional, foi cancelada pelos organizadores, devido à pandemia de covid-19, tendo a nova data sido marcada inicialmente para 13 a 16 do mesmo mês de 2021.

No ano passado, entre 20 de maio e 14 de junho, a ARCOlisboa promoveu, ainda assim, o acesso de público a propostas de galerias e algumas conversas entre profissionais, através do site arcolisboa.com, em parceria com a plataforma artsy.net.

O certame - o único no género de âmbito internacional que se realiza em Portugal - tem vindo a afirmar-se um ponto de encontro de artistas, colecionadores, galeristas, curadores e público em geral, e conta com a participação de museus, galerias e outros espaços culturais e instituições ligadas ao universo da arte contemporânea de Lisboa, a que se juntam galerias estrangeiras, muitas de Espanha, mas também de outros países.

Portugal, assim como a maior parte dos países, tem em vigor, desde março de 2020, medidas muito estritas de confinamento social, e coloca dificuldades à movimentação de pessoas no seu território devido à pandemia de COVID-19.

Os organizadores do certame esperam que o atual programa de vacinação da população permita que, até ao verão, seja levantada uma parte substancial das restrições à movimentação de pessoas e também do turismo internacional.

A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.862.002 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.885 pessoas dos 823.494 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.