O espectáculo "A mulher como campo de batalha", de Matéi Visniec, com encenação de Sofia Lobo, é a 70.ª criação da Escola da Noite e cumprirá uma temporada de 16 sessões, até ao início de dezembro.
"Dorra, vítima de violação durante a guerra da Bósnia, conhece Kate, psicanalista norte-americana, já fora do território em que as atrocidades foram cometidas", avança o grupo de teatro, sobre a ação da peça.
A relação estabelecida entre as duas mulheres e as memórias de cada uma levam os espectadores a "uma reflexão sobre os nacionalismos, a xenofobia e a violência extrema, mas também sobre os clichês e os lugares-comuns que demasiadas vezes condicionam as relações entre as pessoas e os povos", acrescenta a companhia.
O espectáculo conta com as interpretações de Ana Teresa Santos e Paula Garcia.
O escritor romeno Matéi Visniec, que também é jornalista da Radio France Internationale, decidiu escrever esta peça por ter ficado impressionado com as notícias que chegavam da guerra dos Balcãs, concretamente sobre as "violações em massa".
"Tive acesso a informações muito perturbadoras, muito a pouco e pouco, porque de início estas mulheres não queriam dar testemunho daquilo por que tinham passado, devido à humilhação, à vergonha. Decidi que seriam as mulheres a ter a palavra e escolhi como personagens uma mulher da Europa de Leste e outra com um ponto de vista ocidental”, justifica.
Com o título alternativo “Do sexo da mulher como campo de batalha na guerra da Bósnia”, a peça foi escrita em 1996 mas, segundo o autor, mantém-se atual, porque, "a mulher continua a ser, de certo modo, a primeira vítima da guerra".
"A mulher como campo de batalha" é o terceiro espectáculo do grupo de teatro A Escola da Noite, criado a partir da obra de Matéi Visniec, depois de “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” (2014) e de “Palhaço velho, precisa-se” (2020).
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