Este é o terceiro texto encenado por Pedro Carraca que põe em palco problemas de adolescentes, depois de “Birdland” e “Lua Amarela”, duas peças estreadas em abril e novembro do ano passado, respetivamente.

Dois “miúdos, perfeitamente normais, que não se destacam, de maneira nenhuma”, em que um sofre um bocado de 'bullying' e, por isso, resolve marcar um “ajuste de contas com o mauzão às portas da escola secundária”, são o fulcro da ação que se desenrola durante uma hora.

Trata-se exatamente da hora que antecede a confrontação entre ambos e antes da qual os dois adolescentes se encontram fechados na casa de banho de uma escola secundária, na Escócia, e se preparam para o que vai acontecer.

Violência e masculinidade são, pois, duas questões que também estão implícitas no espetáculo que não retrata apenas uma brincadeira despreocupada entre adolescentes, expondo também a nocividade de posturas machistas, já que ambos são capturados numa esparrela de séculos, reciclando imagens cansadas e prejudiciais de masculinidade.

“A peça fala do que é ser adolescente, mas também do que se espera dos rapazes na sua passagem para homens”, disse Pedro Carraca à agência Lusa.

Daí que questões como “o que é ser homem” ou “o que é que isso implica” perpassem também pelo texto que reflete sobre a forma como encaramos os problemas e em como muitas vezes nos parece que não há saída nenhuma.

“No caso do miúdo [que é vítima de 'bullying'] o quem ele pensa é: 'Se eu andar à tareia vou levar uma tareia, mas se não for vou ser humilhado por toda a escola o resto da minha vida'”, frisa, a propósito, o encenador.

Por isso, a peça confronta também o espectador com uma situação em que alguém tem uma espada de Dâmocles sobre a cabeça, sabendo que seja qual for a opção que tomar, nunca será uma opção boa.

Uma peça “muito divertida, e que tem uma relação com o público que sai um bocadinho do âmbito das peças mais tradicionais que nós costumamos apresentar” e que "tem muitos momentos de jogo”, necessariamente associados ao improviso, frisou Pedro Carraca à Lusa.

Max Brocklehurst e Stevie Nimmo, ambos de 13 anos, sãs as personagens de “Taco a Taco”, que tem tradução de Eduardo Calheiros e interpretação de Marco Mendonça e Tiago Dinis.

A cenografia e figurinos são de Rita Lopes Alves, com a colaboração dos alunos do 12.ºI da Escola Artística António Arroio, na realização plástica do espetáculo. A luz é de Pedro Domingos e, o som, de André Pires.

A peça vai estar em cena até 2 de abril, com representações de terça-feira a sábado, às 19h00.