Considerado uma das lendas vivas da música brasileira, Buarque participou de forma pontual em alguns concertos durante os cinco anos em que esteve afastado dos palcos, mas 2017 marcou formalmente o seu regresso à cena musical com o lançamento de seu 23º disco de estúdio a solo, de nove faixas, aclamado pela crítica devido à sua atualidade.

Elegante mas também brincalhão, o artista de 73 anos fala no álbum de um amor shakesperiano, mas também da era da comunicação por aplicações como o Whatsapp ("Dueto", como a sua neta Clara).O músico também retrata o drama dos refugiados ("As Caravanas") e defende que a velhice deve ser assumida "na desportiva" ("Jogo de bola").

Afastado dos palcos desde 2012, o também poeta e romancista decidiu começar digressão de "Caravanas" em meados de dezembro em Belo Horizonte, mas é com este mês de concertos na sua casa que o seu regresso ganha força para, depois do Carnaval, ir a São Paulo e a outras capitais dos estados brasileiros.

Mas no Rio de Janeiro, o preço para ver o artista não é acessível para todos os públicos: os preços variam entre os 55 e 125 euros.

Na passada quarta-feira à noite, Chico Buarque convocou os jornalistas para a sala Vivo Rio, onde está a atuar de quinta a domingo, para falar sobre a sua digressão. Vestido de preto e com o seu violão, o artista tocou com a sua banda "Homenagem ao Malandro" e "As Caravanas" num palco minimalista.

Um artista do presente

Depois do álbum "Chico" (2011), em "Caravanas" Buarque atreve-se a misturar desde o 'lundu' (um ritmo africano centenário) com um bolero em espanhol em homenagem a Havana ("Casualmente"), até um som mais orquestral combinado com uma batida do funk conhecida como "tamborzão".

Apesar da sua ausência musical nos últimos anos, o artista que se exilou em Itália durante a ditadura e vive temporadas em Paris nunca deixou de lado a sua militância política. Recentemente, o cantor apareceu lado do ex-presidente Lula da Silva.

E sobre essa saudade que os fãs podiam sentir do músico, no single de lançamento "Tua cantiga" (que alguns consideraram um tema machista), Buarque diz poeticamente: "Quando te der saudade de mim/ Quando tua garganta apertar/ Basta dar um suspiro/ Que eu vou ligeiro/ Te consolar".

A polémica

A letra de "Tua cantiga", canção do último disco de Chico Buarque, gerou polémica entre os seguidores do cantor. O tema foi lançado no final de julho e fala sobre um homem que abandona a família para ficar com a amante: "Quando teu coração suplicar/Ou quando teu capricho exigir/Largo mulher e filhos e de joelhos vou te seguir", canta o músico brasileiro.

Nas redes sociais, o cantor foi acusado de machismo e, para muitas das feministas que seguem a carreira do músico, a letra "representa a ideia de um romantismo ultrapassado". "Acho que foi a primeira vez na vida que vi mulheres fazendo restrições a Chico Buarque", escreveu o jornalista Luciano Trigo no G1, acrescentando que Chico Buarque "parece preso a uma visão da mulher dos anos 1970 do século passado".

Depois de algumas semanas de polémica, o brasileiro respondeu às acusações de machsimo. "Será que é machismo um homem deixar a família para ficar com a amante? Pelo contrário. Machismo é ficar com a família e a amante", escreveu o cantor na sua conta no Facebook, acrescentando que ouviu esta conversa no supermercado.

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