“Pessanha é o maior escritor simbolista português”, disse hoje à agência Lusa o professor universitário António Apolinário Lourenço, um dos oradores da sessão, promovida por instituições locais, às 19:00, no histórico Café Santa Cruz.

O especialista em literatura salientou que Camilo Pessanha (1867-1926) “é em larga medida o criador da linguagem poética da modernidade portuguesa”, tendo influenciado Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa e Eugénio de Andrade, entre outros.

Dispersa inicialmente em jornais e revistas e em manuscritos que circulavam entre amigos do autor, a sua obra – e em concreto os 30 poemas de "Clepsidra" – "teve uma importância determinante" para vários poetas do século XX "e mesmo do século XXI", enfatizou António Apolinário Lourenço.

O livro único de Camilo Pessanha foi publicado em Portugal, em 1920, por iniciativa da sua amiga Ana de Castro Osório, escritora, feminista e ativista republicana, sem a participação direta do poeta, que estava radicado em Macau, onde morreu aos 58 anos e está sepultado.

Camilo de Almeida Pessanha nasceu na Sé Nova, na Alta de Coimbra, como filho ilegítimo de Francisco António de Almeida Pessanha, estudante de Direito, e da sua empregada Maria Espírito Santo Duarte Nunes Pereira.

Na homenagem ao poeta, além de António Apolinário Lourenço, intervêm José Ribeiro Ferreira e A.E. Maia do Amaral, havendo ainda declamação de poemas por Albino Matos, Emília Nave, Francisco Paz, João Rasteiro, Natália Queirós e Rui Damasceno.

Vítor Marques, da organização, disse que a iniciativa visa contribuir para que o Café Santa Cruz “retome uma vida quase normal”, no contexto da atual pandemia da covid-19.

“É uma oportunidade de darmos algum ânimo extra a este espaço”, sublinhou o sócio-gerente do estabelecimento, na Baixa de Coimbra.

O programa inclui um momento musical pelo violinista Rodrigo Queirós e a exposição de pinturas de José da Costa e Victor Costa.

A organização integra ainda o Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC) e a Pró-Associação 8 de Maio, dinamizada pelo médico Manuel Seixas.