No texto, Afonso Cruz coloca dois cozinheiros a discutirem qual será a melhor maneira de fazer um prato com crianças. Um garante que é preciso que elas se descalcem antes de entrarem na panela - porque "os comensais não querem mastigar solas de sapatos".

O outro cozinheiro convence-o de que, para "cozinhar" uma criança, é preciso dançar, imaginar, ter preguiça; "vamos tentar ser poéticos e evitar desgraças".

Na peça entram ainda duas crianças que vão deixando algumas perguntas: "Uma ideia pode ser violenta?", "Podemos cozinhar uma ideia futura?".

"As pessoas são feitas de tudo, são o cozinhado mais dilatado do mundo, são feitas de tardes a brincar no pomar, de histórias lidas na cama, dos sonhos que atiramos da nossa cabeça para a rua", escreveu Afonso Cruz.

As ilustrações de "Vamos cozinhar uma criança" combinam fotografia de alimentos e desenho.

Romancista, ilustrador, músico, cronista, Afonso Cruz já publicou vários livros para crianças e jovens, entre os quais "Os livros que devoraram o meu pai", "Contradição humana" e "Capital".