O Prémio de Composição DSCH – Schostakovich Ensemble tem como objetivo "reconhecer, incentivar e divulgar a criação musical erudita contemporânea portuguesa", distinguindo, bienalmente, "a obra e o trajeto de mérito de um compositor português de referência".
"Considerado um dos compositores portugueses mais relevantes da atualidade, Eurico Carrapatoso possui um amplo catálogo que abarca obras sinfónicas, óperas, música de câmara para diversas formações e música coral", escreve o DSCH – Schostakovich Ensemble, na justificação da escolha.
Nascido em Mirandela, em 1962, Carrapatoso foi aluno José Luís Borges Coelho, Fernando Lapa, Cândido Lima, Constança Capdeville e Jorge Peixinho.
É professor de Composição na Escola de Música do Conservatório Nacional, desde 1989, lecionou em várias outras instituições, como a Escola Superior de Música de Lisboa, a Academia Nacional Superior de Orquestra e a Academia de Amadores de Música, e é detentor de uma obra que tem vindo a ser interpretada, editada e difundida, a nível nacional e internacional, na qual se destacam peças como "Magnificat em Talha Dourada", "Pequeno Poemário de Pessanha" e "Pequeno Poemário de Sophia".
"A sua música representou Portugal por três vezes na Tribuna Internacional de Compositores da [Organização das Nações Unidas para a Edicação, Ciência e Cultura] UNESCO", recorda o ensemble, que enumera ainda alguns dos principais prémios atribuídos ao compositor, como o da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2017, e a vitória nas primeiras edições do Prémio de Composição Lopes-Graça (1997), do Prémio Francisco de Lacerda (1999) e do Prémio Jesús García-Bernalt da Universidade de Salamanca (2021).
Em 2004, recebeu as insígnias de comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, atribuídas pelo Presidente da República Jorge Sampaio.
O prémio será entregue a Eurico Carrapatoso no próximo dia 28, durante o concerto do DSCH – Schostakovich Ensemble, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Intitulado “O Começo e o Fim do Tempo”, o programa do concerto inclui uma nova obra de Eurico Carrapatoso, “Pour la Fin, pour mon Commencement", que o DSCH – Schostakovich Ensemble irá estrear em Madrid três dias antes, a 25 de novembro, no Auditório Sony.
De acordo com o compositor, à semelhança do "Quarteto para o Fim do Tempo", na qual Olivier Messiaen "faz uma retrospetiva da sua obra escrita entre os anos 20 e o ano da sua composição, 1940", esta obra constitui também uma revisitação "de gestos representativos da [sua] produção ao longo destes últimos vinte anos de atividade criativa".
O programa a apresentar em Lisboa e Madrid inclui assim o “Quarteto para o Fim do Tempo”, "uma das obras mais icónicas do século XX, composta e estreada" em 1941, num campo de concentração nazi, na Polónia, "tendo como pano de fundo os horrores e tragédias da II Guerra Mundial e a esperança de ultrapassar esse 'tempo apocalíptico'", como destaca o ensemble, na apresentação do programa.
A nova obra de Carrapatoso combinar-se-á ainda com “Círculo”, o opus 91 do compositor espanhol Joaquín Turina, também apelidado de “Trio Fantástico”, que reflete "o percurso 'circular' do tempo durante um dia".
Depois de Madrid, o ensemble levará este programa a Badajoz, no dia 27, antes da apresentação em Lisboa.
Para este programa, além do pianista Filipe Pinto-Ribeiro, fundador e diretor artístico do agrupamento, o ensemble contará com o clarinetista Pascal Moraguès, a violinista Esther Hoppe e o violoncelista Christian Poltéra.
Com sede em Lisboa, desde a sua fundação em 2006, o DSCH – Schostakovich Ensemble, de formação variável, tem mobilizado alguns dos mais importantes instrumentistas da atualidade, como o violetista Michael Barenboim e o violoncelista Adrien Brendel.
A sua discografia conta com álbuns dedicados a Schostakovich e Beethoven, editados pela editora francesa Paraty, distinguidos com algumas das mais altas classificações da imprensa especializada internacional, como as revistas Diapason, Scherzo, BR Klassik, Classique News e La Opus.
O Prémio DSCH – Schostakovich Ensemble é a maior distinção dedicada à composição, existente em Portugal, com o valor de cinco mil euros e o apoio da Direção-Geral das Artes. Na primeira edição, em 2019, foi atribuído ao compositor Luís Tinoco.
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