“A programação vem responder a um repto que a população nos lançou. Os comerciantes e operadores da cidade, todos os que gostam do centro histórico, lançaram-nos este desafio”, explicou hoje o presidente da autarquia, Almeida Henriques, durante a apresentação do Mescla.

Segundo o autarca, o repto foi no sentido de ser criado “um evento cultural de animação urbana, inclusivo e não elitista, que abrisse a temporada de verão em Viseu e que fomentasse a frequência da zona antiga da cidade, a atividade económica e o turismo, assim como os hábitos culturais”.

A 21 de março, a fundadora e diretora dos Jardins Efémeros, Sandra Oliveira, numa nota de imprensa conjunta com a Câmara de Viseu, que apoiava o evento, anunciou a sua suspensão.

“Este projeto, que envolve toda a nossa comunidade, carece de uma pausa para reflexão”, justificou Sandra Oliveira, mostrando-se convencida de que “da pausa renascerão, já em 2020, uns Jardins memoráveis para todos”.

A Câmara de Viseu que, no âmbito do programa municipal Viseu Cultura, tinha atribuído um apoio de 125 mil euros para a edição de 2019, lamentou a suspensão e, logo na altura, adiantou que estava a analisar a possibilidade de assegurar alguma programação cultural durante esse período de julho.

“Em três meses foi possível criar esta dinâmica”, afirmou hoje Almeida Henriques, acrescentando que o Mescla é um festival com “uma marca cultural própria e distintiva”.

Apesar de o Mescla surgir para dar resposta ao “espaço vazio que ficou com o inesperado cancelamento dos Jardins Efémero”, o município não tem “qualquer objetivo de os substituir, antes pelo contrário”, frisou.

“Eles continuarão a ter o seu espaço”, garantiu Almeida Henriques, fazendo votos para que Sandra Oliveira apresente a candidatura ao programa Viseu Cultura e os Jardins Efémeros regressem no próximo ano.

O orçamento do Mescla é exatamente o mesmo que a autarquia tinha para os Jardins Efémeros, mas o número de dias de programação é maior.

“Há aqui um ‘mix’ positivo de artes e talentos. Propomos aos viseenses e aos milhares de visitantes que procurarão Viseu uma programação com identidade própria, onde todos podem ter lugar, independentemente da idade, dos gostos culturais e da sua origem”, frisou.

De 01 a 07 de julho, o programa promete várias expressões artísticas, como a escultura, a instalação, a música, o teatro, o novo circo, o café-concerto, a poesia, a literatura, a fotografia, o cinema, a arqueologia e a história.

O festival ocupará vinte espaços do centro histórico de Viseu, que estará encerrado ao trânsito automóvel das 16:00 às 02:00 durante essa semana.

O vereador da Cultura, Jorge Sobrado, frisou que este festival “é um caleidoscópio de disciplinas artísticas e culturais”, tendo como temáticas a luz e as viagens.

Irão participar dezenas de artistas e coletivos radicados na cidade de Viriato e também nomes nacionais e internacionais, em diferentes áreas de expressão.

No que respeita ao plano nacional e internacional, o vereador aludiu à presença do coletivo francês La Meute, dos Palmilha Dentada, da Companhia de Música Teatral, do Festival Monstra, do coletivo Ovo Alado. Vão também poder ouvir-se nomes como Noiserv, Fogo Fogo, Marta Ren, Elisa Rodrigues, SURMA, Solar Corona e Sopa de Pedra.

De Viseu, estarão nomes como Moullinex, Gira Sol Azul e a Viseu Big Band, o Teatro Mais Pequeno do Mundo, de Graeme Pullyen, João Lugatte, Ricardo Bernardo e Ricardo Silva (em residência), o projeto CRETA, de Guilherme Gomes (com diversos atores viseenses), a ZunZum, a Tribal, a Ritual de Domingo e Sónia Barbosa, Luís Belo, John Gallo, Inês Flor, Cláudia Sousa, o CARMO 81 e “Sr. Jorge” e a associação Memória Comum.