O espetáculo parte de vários fragmentos autobiográficos das criadoras que os tentaram unir tentado “fazer um paralelismo entre essa fragmentação das biografias, das histórias de vida e também uma fragmentação musical”, disse Joana Brito Silva à agência Lusa.

"Muito musicado”, o espetáculo tem “muito texto” a ser dito “de uma maneira muito ritmada, com uma cadência” muito marcada e que, portanto, “é muito cantado", além de ter "muitos estilos de música diferentes”.

Na prática, é uma “união livre de várias células separadas, de vários temas e de vários sons”, mas que tem “um princípio, meio e fim”, acrescentou Inês Marques à Lusa.

A parentalidade, a parentalidade tóxica, o feminismo, a sexualidade, o que significa ser mulher hoje, o que significa a “pressão de ter um útero e podermos ter filhos”, e a vivência de relações amorosas fora dos padrões considerados normais, como relações não monogâmicas, são temas abordados na peça, acrescentaram à Lusa as criadoras e intérpretes.

O ponto de partida do espetáculo foram as histórias de vida das duas atrizes.

Joana Brito Silva explorou o facto de ter origem numa família monoparental, ter sido criada por uma mãe solteira sem nunca ter conhecido o pai nem saber como ele era.

A ausência do pai, a imaginação e a ilusão que alimentou dele e o que depois de o conhecer alterou na sua biografia e na forma como olhava para a sua história são questões tratadas em palco.

Já Inês faz uma reflexão sobre o que é crescer como criança LGBT e como os pais gerem esse facto.

O que significa “sair do armário” numa determinada idade, o que significa nunca ter conhecido pessoas homossexuais e de repente perceber que é “homossexual, ou bissexual” ou que não se “encaixa” na hetero normatividade que pautou o seu crescimento, são pontos biográficos postos em cena por Inês Marques, disse.

“Todos estes universos de histórias das nossas vidas nós explorámos, nós exploramos num ambiente muito 'pinky', meio infantil e muito brilhante, como uma espécie de regresso ao quarto de criança das miúdas bonitas e princesas”, concluiu Inês Marques.

Na página do espaço Gaivotas, "Efeito Berbereta" é apresentado como "um manifesto que questiona os conceitos de família nuclear e de parentalidade como células capitalistas, averiguando a identidade (política, intelectual, emocional, de género e sexual) herdada através das cadeias biológicas que ligam seres humanos".

Com música original de João Gamory, interpretação de Inês Marques e Joana Brito Silva, “Efeito Berbereta” tem direção de movimento de Rafael Barreto, espaço cénico e figurinos de Mariana Fonseca e desenho de luz de Teresa Antunes.

Vai estar em cena de 24 a 26 de fevereiro, no espaço Gaivotas, em Lisboa, e nos dias 1, 2 e 3 de abril, no Centro Cultural da Malaposta, em Olival Basto, Odivelas.

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