O mês de novembro está repleto de concertos e boa música em Portugal. O concerto de John Legend no MEO Arena, em Lisboa, no dia 8, foi mais um que as sapinhas tiveram a felicidade de presenciar. 

Com o tempo a revelar-se invernoso, foi já bastante tarde que começámos a avistar pessoas na fila para a entrada, não sendo de espantar que a chuva afugentasse a maioria. E, por outro lado, sejamos honestos ao dizer que o facto de todo o público ter o seu lugar sentado também incentiva à preguiça. Contudo, uma vez lá dentro, todos devidamente sentados nos seus lugares, a plateia rapidamente dava as boas vindas ao artista que, pontualmente, saudava a casa cheia.

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O sorriso de John Legend encheu o palco que, apesar de simplista, não poderia ser mais intimista. Com a sua banda ao longo do palco e o piano em lugar de destaque, nada mais foi preciso para começar um simples e belo espetáculo. "Lisboa, esta é a noite! Eu quero dar-vos a melhor noite que já tiveram!", foram as primeiras palavras do cantor norte-americano para a sua plateia ao fazer referência à sua canção "Tonight (Best You Ever Had)".

E como sugere o título deste nosso artigo, o concerto de Legend foi também um pequeno momento para contos, tivesse o cantor aproveitado o seu tempo para contar um pouco de toda a sua história. "É tão bom estar de volta a Lisboa! É tão bom ver as vossas caras hoje. Bem vindos à minha digressão! Eu fui para Nova Iorque com um sonho, e esse sonho era estar onde estou hoje!", revelava o cantor, sendo aplaudido pelo público rendido.

Em seguida, entre muitos dos seus sucessos, o artista partilhou todo o percurso duro até chegar ao presente, desde as rejeições, o apoio de Kanye West e Jay Z, até aos desastrosos primeiros concertos: "O meu primeiro concerto foi num sítio chamado 'The Living Room'. Estavam cinco pessoas lá, mas deixem-me dizer que duas delas eram os empregados! Todos me recusaram, até a editora onde eu estou agora, mas todos cometemos erros, não é?", gozava o cantor de Springfield em bom tom, voltando em seguida a pedir a ajuda do público para celebrar aquele que foi o seu primeiro single, lançado em 2004, "Used to Love U".

O ritmo era crescente, bem como a emoção em todo o recinto, levando as palmas a sobrepor-se ao próprio som proveniente das colunas em momentos como o da faixa "Save The Night". "Desliguem as luzes. Eu quero ver todas as vossas caras. Estão lindos!", elogiava o cantor, notoriamente comovido.

E como uma história tem princípio, meio e fim, continuou a contar o seu percurso de vida, aproveitando o concerto para homenagear as suas avós, tanto na sua vertente cómica como na vertente sentimental. "O segundo nome da minha avó é Maxine e eu nem sabia! Ela ficou tão feliz por saber que eu tinha feito uma música com o nome dela, mas eu acho que ela ainda não deve ter lido bem a letra...", sugeria Legend em tom de brincadeira. Por sua vez, o cantor recordou também a sua outra avó, já falecida desde os dez anos do cantor, admitindo o seu pesar por saber que esta nunca o viu atingir o ponto em que hoje está.

Sucessos como "You and I" ou "P. D. A. (We Just Don't Care)" foram também muito aplaudidos, mas foi com "Green Light" que o cantor teve o público todo de pé num coro perfeito.

Após diversos momentos musicais sucessivos, quase sem direito a uma pausa, eis que chegou a hora de um encore muito breve. Na verdade, bastou menos de meio minuto até o cantor voltar ao palco para aquela que, para muitos, era a faixa mais esperada da noite: "All Of Me".  E assim, com mais um momento em que o público se fez notar em plenos pulmões, o John Legend encerrou a sua passagem pelo palco de Lisboa, despedindo-se também pontualmente com toda a sua simpatia e carinho que demonstrou ao longo de toda a noite.

Para nós, se houvesse algo de negativo a apontar seria, certamente, o efeito de eco que se fez notar durante toda a atuação mas que, para muitos, talvez seja uma boa ideia ouvir em dose reforçada. Quanto ao artista, podemos afirmar que, após o que assistimos, pretendemos ouvir mais alguns contos de duas horas num futuro próximo.

Fotografias: Ana Castro