“Eliete – A vida normal”, editado pela Tinta-da-China, é um romance que gira em torno de uma personagem com aquele nome, a protagonista da história, e da sua vida, que é “normal” até ao momento da hospitalização da avó paterna.

“Estar a meio da vida é como estar a meio de uma ponte suspensa, qualquer brisa a balança. A vida da Eliete vai a meio e, como se isso não bastasse, aproxima-se um vendaval. Mas este é ainda o tempo que será recordado como contendo em si, reconhecível, imparável, a mudança. Apesar de ninguém dar conta disso. Porque tudo parece normal”, descreve a editora.

Com este romance, Dulce Maria Cardoso volta a explorar a mulher como protagonista, depois de, em “O Retorno”, ter encarnado um rapaz, que narra o regresso da sua família de Luanda a Portugal, em 1975, durante a descolonização, e a sua vivência, durante mais de um ano, num hotel a abarrotar de retornados.

Antes disso, a autora escrevera “Os meus sentimentos”, uma história narrada na primeira pessoa, por uma personagem chamada Violeta, uma mulher gorda, algo disfuncional, desenquadrada da sociedade e dos padrões social e culturalmente aceites.

Contrariamente aos livros passados, Eliete é a história de uma mulher normal, cuja única coisa que se poderia considerar menos normal é exatamente o nome.

Eliete é uma agente imobiliária, casada, mãe de dois filhos, com uma vida que corre na absoluta normalidade, até ao internamento da avó, com sinais de demência.

A dada altura Eliete apercebe-se da tristeza que sente, começa a operar mudanças na sua vida e encontra um refúgio na Internet e nas redes sociais, ideia central do romance, explorada para mostrar como apesar de estas plataformas aproximarem as pessoas, na realidade, estão cada vez mais afastadas e sozinhas.

A história sobre a “vida normal” de Eliete não termina, contudo, no final do livro. Este volume é apenas a primeira parte de uma história que terá continuação.

Dulce Maria Cardoso nasceu em Trás-os-Montes, em 1964, afirma ter pena de não se lembrar da viagem no Vera Cruz para Angola, e regressou a Portugal na ponte aérea de 1975.

Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, cidade onde vive, escreveu argumentos para cinema e escreveu contos.

Em 2001, publicou o seu romance de estreia, “Campo de Sangue”, Grande Prémio Acontece, escrito na sequência de uma bolsa de criação literária do Ministério da Cultura.

Desde então, publicou “Os Meus Sentimentos”, em 2005, que lhe valeu o prémio da União Europeia para a Literatura, “O Chão dos Pardais”, em 2009, vencedor do prémio Pen Club, e “O Retorno”, em 2011.

É ainda autora de duas antologias de contos: “Até Nós” e “Tudo São Histórias de Amor”. Esta última reúne grande parte dos contos publicados em revistas e jornais.

Alguns destes textos foram incluídos em antologias estrangeiras, e o conto “Anjos por dentro” foi escolhido para a antologia “Best European Fiction 2012”, publicada pela prestigiada Dalkey Archive Press.

Em 2012, recebeu do Estado francês a condecoração de Cavaleira da Ordem das Artes e Letras.

Os seus livros estão publicados em quinze países e traduzidos em várias línguas, tendo a tradução inglesa de “O Retorno” recebido, em 2016, o "English PEN Translates Award".

A obra de Dulce Maria Cardoso é estudada em universidades de vários países e alguns dos seus contos e romances foram adaptados ou encontram-se em fase de adaptação para cinema e teatro.