Considerando a feira como “desafiante”, dado realizar-se em circunstâncias diferentes das habituais, devido à pandemia da COVID-19, o coordenador da programação do certame, Nuno Faria, assume à Lusa que as expectativas “são as melhores”, pois acredita que esta vem cumprir um “horizonte de esperança” que todos precisam para seguir “nesta nova normalidade”.
Para tornar a deslocação aos Jardins do Palácio de Cristal, onde decorre o evento, “aprazível e segura”, Nuno Faria revela que a lotação foi reduzida a 3500 pessoas, o recinto delimitado e, em vários locais, existirão equipas de assistentes e monitores, assim como da proteção civil.
Além do gel desinfetante que estará espalhado pelo recinto, Nuno Faria conta que nos eventos de interior o uso de máscara será obrigatório, ao contrário do exterior.
Além dos 120 ‘stands’, num total de mais de 80 entidades, a feira, com espaço próprio para a apresentação de livros e sessões de autógrafos, será também feita de cinema, debates, lições, concertos, espetáculos ou oficinas.
Mas esta feira do livro não será a única, com Lisboa a abrir hoje a sua, facto que não preocupa Nuno Faria, por serem projetos “muito diferentes”.
Quando falta um dia para a abertura da Feira do Livro do Porto, e enquanto arrumam livros, abrem caixas e colocam avisos, os livreiros mostram-se “receosos” face à possibilidade de menor adesão das pessoas, temendo que estas tenham medo de ir até aos Jardins do Palácio de Cristal.
Com a porta do stand entreaberta e prateleiras ainda por preencher, Luís Matos, da livraria Flâneur, disse na quarta-feira que no Porto já se nota algum afluxo de pessoas, mas teme que essa afluência não se venha a traduzir no número de visitantes à feira.
Luís Matos não acredita que o número de visitantes esteja dependente da Feira do Livro de Lisboa porque, considera, quem quer ir ou tem interesse vai às duas.
Por outro lado, está esperançado de que o confinamento tenha despertado o hábito de leitura nas pessoas, fazendo com que estejam “mais motivadas” para procurar novos livros ou autores.
Apesar de também entender que o confinamento despertou o gosto pela leitura, Francisco Pacheco, da Esfera dos Livros – HarperCollins, declarou à Lusa que teme que o desemprego causado pela COVID-19 tenha reduzido o orçamento familiar e, desta forma, a possibilidade de comprar livros.
“Mas pode ser que venham, porque este é um evento muito querido na cidade”, observou Francisco Pacheco.
O público vai poder manusear os livros, mas para isso terá de desinfetar as mãos antes e depois ou, querendo, usar luvas disponibilizadas pela organização, referiu.
Já Rosa Maria, da Edições Saída de Emergência, mostrou-se pouco otimista, porque o ano letivo está à porta e, com ele, os gastos das famílias, o que significa “menos dinheiro” para outras coisas.
“Acho que vem pouca gente porque não deve haver muito dinheiro para gastar, mas vamos ver”, afirmou Rosa Maria.
A sétima edição da Feira do Livro do Porto regressa aos Jardins do Palácio de Cristal, entre 28 de agosto e 13 de setembro, com o mote "Alegria até ao Fim do Mundo".
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