Num e-mail divulgado pelo diretor da galeria, localizada em Alvalade, é manifestado um "agradecimento especial aos artistas que trabalharam e acreditaram no projeto", entre eles Paulo Arraiano, Diogo Bolota, Fábio Colaço, Paulo Lisboa, Catarina Mil-Homens e Carolina Serrano.
"Temos consciência que o projeto Uma Lulik foi consistente, obtendo o devido reconhecimento, dando oportunidades aos artistas com quem trabalhámos e servindo bem a comunidade artística portuguesa. No entanto, entendemos que o projeto chegou ao fim, depois de seis anos de atividade intensa", lê-se no e-mail.
A galeria tinha inaugurado em outubro de 2017 com a exposição individual "Ausência", reunindo obras inéditas do artista madagascarense Joël Andrianomearisoa, que fazia nelas uma viagem entre a vida e a morte.
Contactado pela agência Lusa, Miguel Leal Rios confirmou o encerramento da galeria e disse não querer dar mais informações sobre a atividade do espaço: "Achei que teve um fim, e não tenho mais nada a acrescentar", declarou, ressalvando que aquele seu espaço nada tem a ver com a Fundação Leal Rios (FLR).
No e-mail divulgado, o diretor agradece também a confiança depositada na galeria pelos colecionadores, curadores, instituições e visitantes em geral, e espera que "continuem a seguir o trabalho artístico dos artistas" do espaço.
Ao longo dos seis anos de atividade, a galeria esteve entre as selecionadas para participar em feiras de arte contemporânea como a ARCOmadrid, em Espanha, a ARCOlisboa e a Drawing Room Lisboa.
Fundada e dirigida por Miguel Leal Rios, a Uma Lulik focou-se essencialmente na arte contemporânea da América do Sul, África, Médio Oriente, Sul da Ásia e respetivas diásporas.
O seu objetivo, de acordo com o projeto inicial da direção, foi divulgar o trabalho de artistas destas regiões do globo, "mantendo um estreito contacto junto dos agentes locais, e funcionando como plataforma de divulgação e promoção do trabalho dos artistas junto do público, curadores, colecionadores privados e institucionais".
A nova galeria pretendeu ainda "contribuir para a desmistificação da arte contemporânea proveniente de outras geografias emergentes, fortalecendo conceitos e aproximando novas práticas artísticas", segundo o projeto divulgado há seis anos.
O nome da galeria - que surge da ligação de Miguel Rios a Timor–Leste, onde viveu parte da infância - significa, em tétum, "o lugar para guardar os objetos sagrados, e também o local para as reuniões e atividades dos ritos tradicionais".
Instituição portuguesa de direito privado, a FLR é presidida por Manuel Leal Rios e tem como diretor e curador Miguel Leal Rios, tendo sido criada com os objetivos primordiais de divulgação, manutenção, preservação e promoção das obras e artistas representados na coleção de arte contemporânea iniciada pelos irmãos em 2002, segundo a descrição no sítio ´online´ da entidade.
Na coleção estão representados artistas portugueses como Lourdes Castro, Helena Almeida, Julião Sarmento, e estrangeiros como Erwin Wurm, Matt Mullican, Cristina Iglesias, Mohau Modisakeng, Lawrence Weiner, Jorinde Voigt, Joël Andrianomearisoa, Becky Beasley e Tristan Perich.
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