"Este espaço em Lisboa é um espaço de abertura, experiências novas. É um espaço de experimentação, onde nós podemos mostrar obras de artistas modernos, contemporâneos e outras peças que nos interessam", explicou Rui Freire, apontando, por exemplo, peças pré-colombianas e kimonos contemporâneos.

A galeria francesa, fundada em 1925, revelou Maria Helena Vieira da Silva, em Paris, pelo que não é de excluir a apresentação de algumas obras menos vistas dela e do seu companheiro, o pintor Arpad Szenes.

"Não é impossível mostrar obras da Vieira e do Árpád, sobretudo coisas que não são mostradas regularmente. O objetivo realmente de abrir este espaço é também mostrar coisas que não são vistas regularmente quer em Portugal, quer também aqui em Paris", acrescentou.

Depois de Vieira da Silva e de Arpad Szenes, a galeria Jeanne Bucher Jaeger "sempre manteve uma ligação com Portugal e com artistas portugueses", representando, atualmente, Miguel Branco, Rui Moreira e Michael Biberstein.

Com dois espaços de exposição em Paris, um no Marais e outro em Saint-Germain, a ideia de abrir um novo em Lisboa surgiu, não só da ligação histórica a artistas portugueses, mas também devido ao "momento particular" que atravessa Lisboa.

"Sempre tivemos uma relação com Portugal, com artistas portugueses, sempre seguimos aquilo que se fez em Portugal e, a dada altura, surgiu a ideia de abrir um espaço em Lisboa, porque vivemos em Portugal neste momento, e sobretudo em Lisboa, um momento bastante particular em termos de pessoas, de frequentação, de turismo e de pessoas ligadas às artes e que estão a descobrir Portugal e a descobrir que há muito para fazer ainda em Portugal", continuou.

Em Lisboa, a galeria vai ficar situada no número 1 da rua Serpa Pinto, perto do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, e pretende, também, "criar pontes" entre Lisboa e Paris, entre artistas e colecionadores, e ser ainda "um espaço de encontro" para "a comunidade francesa que se encontra neste momento a viver em Lisboa".

"No fundo, queremos ter, em Lisboa, um espaço de abertura [sem] ter uma programação completamente definida com dois ou três anos de antecedência, o que nos permite fazer descobertas, descobrir artistas e naturalmente mostrá-los e trazê-los a Paris", acrescentou Rui Freire.

A exposição inaugural vai mostrar obras de dois artistas 'naïf', André Beauchamp e Déchelette, não para "voltar ao passado", mas para mostrar "uma programação alternativa e diferente" da que é exibida em Paris, "coisas raras, que não se encontram facilmente".

Com 92 anos, a galeria Jeanne Bucher Jaeger tem sido dirigida pela mesma família há três gerações, e expôs vários nomes das artes dos séculos XX e XXI.

Sob a direção da fundadora Jeanne Bucher, entre 1925 e 1946, foram promovidos os "amigos" Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, mas também nomes como Nicolas de Staël, Hans Reichel, Roger Bissière, Mark Tobey, Jean Dubuffet, Fermin Aguayo e André Bauchant.

O sobrinho-neto de Jeanne Bucher, Jean-François Jaeger, retomou a direção, em 1947, e defendeu figuras do abstracionismo europeu e americano do pós-guerra, da nova pintura figurativa e realista dos anos 1970, da escultura urbana e ambiental dos anos 1980, entre outros.

Desde 2003, a bisneta de Jeanne Bucher Véronique Jaeger é a diretora-geral, e continuou a promoção dos históricos da galeria, nomeadamente o casal Vieira da Silva e Arpad Szenes. Acolheu igualmente novos nomes da arte contemporânea, como Michael Biberstein, Miguel Branco, Zarina Hashmi, Evi Keller, Rui Moreira, Hanns Schimansky, Susumu Shingu, Fabienne Verdier, Paul Wallach e Yang Jiechang.

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