“Género Queer” é uma novela gráfica, um livro de memórias que Maia Kobabe escreveu e desenhou sobre a sua vida, a família, a escola, as suas relações sociais e o processo de auto-conhecimento até assumir que é uma pessoa não-binária, ou seja, que não se identifica exclusivamente como mulher e como homem.
“Ao abordar questões sobre identidade de género – o que significa e como deve ser pensada –, a história também assume o papel de um guia muito necessário e comovente”, refere a Leya em comunicado.
Nascida em 1989, Maia Kobabe cresceu nos anos 1990 e 2000 num ambiente familiar livre de convenções sociais restritas sobre identidade de género, sobre o que é suposto ser-se uma rapariga ou um rapaz.
Maia Kobabe começou por publicar bandas desenhadas a preto e branco na rede social Instagram sobre a sua experiência e depressa percebeu que havia outras pessoas que se identificavam com os seus problemas.
Daí passou para um formato maior, de novela gráfica, que olha em retrospetiva para o passado, para o contexto no qual cresceu, descrevendo as angústias e as dúvidas existenciais perante os papéis sociais que a sociedade lhe pedia, numa época em que pouco se falava sobre identidade de género e orientação sexual.
No livro, Maia Kobabe relata ainda a forma como lidou com a menstruação, com exames ginecológicos e com a pressão social para fisicamente se aparentar com uma mulher.
“Género Queer” foi publicado originalmente nos Estados Unidos em 2019 e dois anos depois, no meio de um movimento de pais e educadores conservadores, foi integrado, e liderou, listas de livros banidos de mais de 50 bibliotecas escolares, em particular nos estados republicanos, com a justificação de que fala de sexualidade e questões LGBTQI+.
Em entrevista em maio passado à organização PEN América, Maia Kobabe afirmou que gostaria de ter lido um livro como “Género Queer” quando era adolescente, porque a teria livrado de “anos de questionamento e confusão” sobre a sua própria identidade de género.
Sobre o facto de o seu livro estar a ser vetado em algumas bibliotecas escolares norte-americanas, Maia Kobabe lembra que são precisas tantas e diferentes histórias para responder à diversidade de pessoas.
“As histórias servem múltiplos propósitos. Podem ser espelhos nos quais te revês, podem ser janelas nas quais observas experiências vividas por outras pessoas. E mesmo que um livro não pareça útil ou valioso para um leitor, pode ser profundamente importante para outro”, afirmou em entrevista à PEN América.
A edição portuguesa, que chega às livrarias a 13 de junho, tem tradução de Elga Fontes e revisão para linguagem neutra de Marta Maia da Costa.
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