Segundo informação do programa Portugal Inovação Social, que financia o projeto, este visa “proporcionar aos idosos a construção de um percurso musical, partilhado com crianças”, para recuperar “tradições, costumes e jogos”.

“Estes ritmos musicais contarão histórias que reproduzirão recordações de cantares e dançares de outrora”, adiantou o Portugal Inovação Social, iniciativa pública que visa promover a inovação social e dinamizar o mercado de investimento social em Portugal.

À agência Lusa, a diretora de projetos do Instituto Jovens Músicos, Felisbela Marques, explicou que a associação fez uma primeira experiência neste âmbito em 2016, que depois parou dada a necessidade de mais recursos humanos, tendo agora se candidatado ao programa.

“‘Geração em 2 Pautas’ o que pretende fazer é, através do resgate da memória, tornar o idoso ativo e não apenas uma pessoa sentada a receber música. Queremos capacitá-los de forma a receberem as crianças e serem capazes de, com as memórias que têm, com os sentimentos que têm, com a sabedoria que têm, conseguirem partilhar isso com as crianças”, referiu.

De acordo com Felisbela Marques, o projeto arranca em abril e tem como público-alvo “os idosos institucionalizados ou não”, sendo que nesta última situação podem participar pessoas com mais de 55 anos.

“As crianças vão ser um meio para alavancar o nosso fim, ou seja, nós vamos ter crianças para momentos intergeracionais. Mas o nosso foco é mesmo o idoso”, declarou, referindo que as sessões a desenvolver misturam o “visual, o sensorial e o tátil”.

Em abril, estão já programadas sessões em lares alusivas à Páscoa e à Revolução de 25 de Abril de 1974.

“No caso da Páscoa, vão contar-se tradições religiosas e recriar esses momentos, com lengalengas e músicas relativas à época e até com um momento degustativo de folares”, exemplificou.

O projeto, com duração de um ano, vai chegar a pelo menos 350 idosos, da Caranguejeira, Santa Catarina da Serra, Arrabal e Santa Eufémia, no concelho de Leiria, e Matas, em Ourém.

O Portugal Inovação Social financia com quase 53 mil euros e o Município de Leiria com 23 mil euros.

Felisbela Marques acrescentou que a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria vai dar apoio no que respeita aos jogos tradicionais e avaliar o projeto.

“O propósito não é a parte ocupacional. O importante é aquilo a que nós pretendemos chegar no final deste projeto, que o idoso continue a ter um propósito, independentemente de estar institucionalizado”, declarou.

A diretora de projetos salientou que “os idosos têm tanta vontade de passar aquilo que é deles e de ter um público, neste caso as crianças, que seja capacitado para o ouvir”.

“Eu acho que dá esperança àquilo que eles tiveram no passado, que vai ficar no futuro”, afirmou Felisbela Marques.

Lançado já nas redes sociais, a diretora de projetos do Instituto Jovens Músicos realçou ainda a adesão que esta iniciativa está a ter junto das comunidades onde vai ser desenvolvido.