Já não é a primeira vez que James Blunt pisa terras lusas, mas o cantor britânico fez questão de rever o público português no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, neste domingo, para mais um espetáculo que foi, certamente, de outro mundo... ou lua. E se a sala parecia despida no início, rapidamente se encheu a olhos vistos. 

"Moon Landing" foi o nome escolhido para a digressão mundial do cantor que, mesmo para quem não tivesse conhecimento, rapidamente se conseguia inteirar do tema presente com a entrada e da sua banda em palco. Com uma contagem decrescente, barulho de descolagem e o já tão conhecido som astronáutico, foram estes os elementos que se manifestaram na entrada do cantor em palco no seu fato de inspiração pura a Neil Armstrong.

E com todo o sistema solar presente, foi com "Face The Sun" que o cantor deu o arranque da noite num clima plenamente intimista, sentado ao seu piano, tendo aumentado a fasquia com  "I'll Take Everything", onde nem o seu banco resistiu à euforia em palco, caindo redondo no chão.

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"Boa noite, Lisboa!", foram as primeiras palavras do cantor em bom português, deixando-se seguir por "Wisemen", onde acrescentava em alusão à sua letra: "Onde estamos agora? Estamos em Lisboa, meus queridos!".

Contudo, apesar do seu ar pacato e sensível, Blunt não demonstrou qualquer tipo de problemas em palco, fosse a cantar ou simplesmente a falar, deixando bem presente o seu sentido de humor desde o início: "É ótimo estar de volta! É uma cidade fantástica e eu adoro ver as vossas caras sorridentes. E se vocês se quiserem levantar, estão à vontade. Não precisam de ficar sentadinhos como se estivessem no cinema, podem mudar, sim? Vá, daqui a bocadinho, pronto".

E timidez nunca foi algo demonstrado nesta noite, a não ser que estivéssemos a falar de uma timidez dissimulada; coisa que o cantor demonstrou em muitos dos seus discursos: "Está na altura da minha guitarra, a pequenina! Adoro-a. Levo-a até para o meu quarto! Na verdade, eu preciso dela para me sentir grande, mas não no quarto, claro! Aí não preciso. Mas juro que sou complexado, e por isso é que mando a banda toda lá para trás! Assim vocês dizem 'F*** Me James', e eu faço-o, em sonhos. Mas que porcaria estou eu para aqui a dizer? Daqui a bocado eu não paro durante horas e não há mais música! Esta é a 'Moon Landing Tour' e nós temos andado por todo o lado. É um espetáculo enorme, cheio de luzes e tudo o mais, e hoje parecemos uns eletricistas! E não, não vos vamos arranjar o carro. Mas tudo isto, China, Austrália, América... Tudo isto foi um ensaio para os grandes, os importantes, os verdadeiros! Foi para vocês Lisboa, Portugal", voltava a brincar o cantor num discurso longo acompanhado de gargalhadas incessantes.

Sucessos como "Satellites" ou "These Are The Words" foram algumas das faixas tocadas em palco juntamente com o afinado coro e palmas do público português, que se deixou conquistar pelo britânico desde o momento em que este se dirigiu à plateia pela primeira vez.

E mesmo com faixas como "Goodbye My Lover", em que a sua mensagem é deveras sentimental, sempre houve espaço para mais uma piada aqui e acolá: "Vocês devem estar a perguntar, mas porquê tanta música miserável junta? Bem, nós temos muitas! E esta é a favorita da minha banda, porque é a forma que eles têm de desaparecer do palco!", brincava o cantor, tendo sido acompanhado pelo coro límpido do público que se ergueu das cadeiras para aplaudir de pé o artista no final da mesma.

E com tanta distinção entre portugueses e espanhóis, até as palmas serviram de pretexto a mais um face-off: "Agora não batam palmas! Juro, não o façam. Eu estrago isto tudo se vocês baterem. Eu acredito que vocês batem muito bem palmas, vocês são uns especialistas em bater palmas! Na verdade, os espanhóis é que batem mal. Há espanhóis aqui? Ena, parabéns! Vocês acabaram de estragar esta m**** para toda a gente!", voltava a acusar em tom de brincadeira após um grupo de nuestros hermanos se acusar na plateia.

E o auge da noite chegou com "Cuz I Luv You", quando o cantor saltou do palco e decidiu percorrer a plateia sem qualquer tipo de segurança, tendo encorajado o público a chegar-se mais ao palco e a desistir dos seus assentos. "Vamos esquecer as cadeiras agora? Concentrem-se no concerto e esqueçam o filme! Lisboa, vocês são a luz, vocês são as estrelas", pedia Blunt à sua plateia que prontamente iluminava o recinto de pequenas luzes brancas.

E, como não poderia deixar de ser, "You're Beautiful" foi a faixa que obteve o coro mais perfeito, deixando assente que, ao contrário das recentes declarações do cantor, o público não lamenta a letra da mesma ou os efeitos aditivos desta. O público apenas pede por mais!

E foi com uma pequena viagem no tempo, até "1973", que o nosso concerto terminou em plenos pulmões, num espetáculo onde não faltou boa disposição, abraços e pequenos carinhos entre os mais apaixonados que se deixavam contagiar pelo ambiente. E, assim sendo, fazemos nossas as palavras de James Blunt na sua despedida: " Obrigada por terem vindo e por nos terem recebido. Vemo-nos em breve!".

Fotos: Ana Castro