O Conselho de Opinião da RTP concluiu na sexta-feira, depois de um plenário urgente do órgão, "não ser possível fundamentar" o 'chumbo' do nome do jornalista João Paulo Guerra para provedor do Ouvinte, tendo o resultado da votação sido enviado à administração da RTP "sem a exigida fundamentação".

Hoje, em comunicado, a administração liderada por Gonçalo Reis adiantou que, "tendo decorrido mais de trinta dias desde a indigitação sem que o Conselho de Opinião tenha emitido parecer desfavorável válido, o Conselho de Administração da RTP decidiu que entra nesta data em funções como provedor do Ouvinte da RTP João Paulo Guerra".

A administração recorda que em 04 de janeiro tinha enviado uma carta ao Conselho de Opinião, presidido por Manuel Coelho da Silva, com a indigitação de João Paulo Guerra, "uma personalidade de reconhecido mérito e integridade, pessoal e profissional e com larga experiência no setor dos media, nomeadamente na rádio".

Na sexta-feira, dia 03 de fevereiro, "o Conselho de Opinião comunicou, por carta, ao Conselho de Administração o resultado da votação, dizendo-se impossibilitado de fundamentar a sua deliberação, conforme exige o n.º 05 do artigo 34.º dos Estatutos da Empresa. A ausência da fundamentação exigível torna a deliberação nula", explicou a RTP.

No comunicado divulgado na sexta-feira, o Conselho de Opinião disse que tinha sido aprovado "pelos conselheiros – por unanimidade e aclamação – o envio ao Conselho de Administração [da RTP] do resultado da votação, desfavorável ao candidato, sem a exigida fundamentação".

O 'chumbo' de João Paulo Guerra para provedor do ouvinte gerou várias reações, entre as quais a do PCP, que exigiu, através da comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Desporto e Juventude, um parecer fundamentado ao Conselho de Opinião sobre o 'chumbo'.

Gerou ainda alguma polémica junto de alguns membros do Conselho de Opinião e motivou uma posição do provedor do Telespetador, Jorge Wemans, que afirmou estar "atónito e profundamente chocado" com o resultado da votação.

O mandato da Provedora do Ouvinte, Paula Cordeiro, tinha terminado no início do verão passado.

João Paulo Guerra é jornalista desde 1962, tendo passado pela rádio - atualmente é colaborador da Antena 1 -, pela televisão e imprensa.