José Cid foi homenageado com um Grammy Latino "por excelência musical", anunciou a Academia esta quinta-feira, dia 22 de agosto. O Prémio à Excelência Musical é "concedido a artistas que fizeram contribuições de significado artístico excepcional para a música latina", sendo votado pelo Conselho de Diretores da Academia Latina da Gravação.

O músico português vai receber o Grammy Latino na cerimónia no Waldorf Astoria, em Las Vegas, nos Estados Unidos, a 13 de novembro. Este ano, o galardão será também entregue a Eva Ayllón, Joan Baez, Lupita D’Alessio, Hugo Fattoruso, Pimpinela, Omara Portuondo e José Luis Rodríguez "El Puma".

José Cid: "Canto sempre como se fosse morrer no dia a seguir"
José Cid: "Canto sempre como se fosse morrer no dia a seguir"
Ver artigo

Na sua conta no Facebook, José Cid confessou que este é um dos prémios mais importantes que já recebeu na sua carreira. "Estou também feliz porque o pop-rock português, sempre tão impossibilitado de atravessar fronteiras, é reconhecido a este nível. Parabéns a todos os meus colegas que escrevem e cantam em português", frisou ainda na rede social.

Leia o post de José Cid:

Em comunicado, Gabriel Abaroa Jr., Presidente e CEO da Academia Latina da Gravação frisou que tem "um grande prazer em homenagear um grupo de pessoas notável e homogêneo com os Prémios à Excelência Musical e da Junta Diretiva".  "Cada uma dessas lendas continua a deixar a sua marca no mundo da música latina através do seu talento, graça e paixão por criar sons que vibram em todas as nossas comunidades e que ajudaram a construir a nossa música durante décadas. Estamos ansiosos para destacar as suas conquistas durante a nossa histórica 20ª semana de aniversário", acrescentou.

No site oficial, a Academia frisa que "José Cid adaptou sem esforço a influência da música popular ao estilo original do pop-rock português. Em 1956, o surgimento da sua banda de versões, Os Babies, marcou um momento de 'antes e depois' para o pop-rock em Portugal".

"Canto sempre como se fosse morrer no dia a seguir"

"O seu grupo seguinte, o Quarteto 1111, criou as bases do rock português, com uma forte tonalidade psicadélica, como denotou o enorme sucesso de 1967 'A Lenda De El-Rei D. Sebastião'. Continuando como artista solo, em 1978 lançou '10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte', considerado uma obra prima do rock progressivo.  Ao atingir um novo estágio de maturidade musical nos anos 1980, Cid transformou o seu songbook (cancioneiro) das raízes de Portugal no maravilhoso 'Fado de Sempre'", acrescenta a Academia

"Com dezenas de sucessos, José Cid continua a ser uma grande atração em concertos em Portugal, lançando novas músicas e álbuns de concertos ao vivo", destaca o comunicado.

Depois do anúncio, o serviço de streaming Spotify criou uma playlist com os maiores êxitos da carreira do músico.

José Cid, nascido a 4 de fevereiro de 1942, na Chamusca, representou Portugal no Festival da Eurovisão, em 1980, com “Um grande, grande amor”, classificando-se em 7.º lugar, e, no ano anterior, no festival da OTI, com “Na cabana junto à praia”, classificou-se no 3.º posto.

Em 1975, levou a canção “Ontem, hoje e amanhã” ao Festival Yamaha de Tóquio, no qual foi distinguido com o Most Outstanding Performance Award.

Em 2009, a SPA entregou-lhe o Prémio Consagração de carreira e, na altura, proclamou José Cid como "um dos mais populares nomes de sempre da música portuguesa, triunfador de vários festivais em Portugal e no estrangeiro, e autor de alguns dos maiores êxitos musicais das últimas décadas".

Há três anos, em 2016, o músico venceu o Prémio Pedro Osório, que distinguiu o álbum “Menino Prodígio”. O galardão foi “atribuído ao cantor, compositor e músico José Cid, pelo disco ‘Menino Prodígio’, editado em 2015, e também pelo grande êxito da sua carreira em palco e em estúdio”, afirmou em comunicado a SPA.

Em entrevista ao SAPO Mag, em 2015, o cantor confessou que canta "sempre como se fosse morrer no dia a seguir": "A minha entrega em palco é tal que canto sempre como se o mundo fosse acabar no dia a seguir. Canto sempre como se fosse morrer no dia a seguir. 'Esta é a última vez que vou cantar' e a minha entrega é de 100%. E essa entrega de 100% transmite-se a todas as gerações".

"Diziam que eu era uma criança prodígio porque com 4 ou 5 anos cantava as músicas... sem ninguém me ter ensinado. Aquela vontadinha de criança era cantar na rádio", recordou. "O que vai limitar a minha paragem será voz. Não me vou arrastar vocalmente pelos palcos", garantiu.

Recorde a conversa: