Em declarações à agência Lusa, António Calvário, que trabalhou com Madalena Iglésias na música do filme “Sarilho de fraldas” e em “Uma hora de amor”, entre outras, considerou a cantora como “uma amiga de sempre”, com quem fez várias digressões em conjunto.

“Recordo as digressões a nível mundial, mais do que uma vez fizemos os Estados Unidos e o Canadá”, afirmou António Calvário, que sublinhou que sempre manteve contacto próximo com Madalena Iglésias e a família.

“Sempre que ela vinha a Portugal telefonava e nós encontrávamo-nos e íamos almoçar, com um amigo comum. Foi a pessoa com quem mais lidei e a colega com quem mais trabalhei”, acrescentou o artista, que destacou também a grande cumplicidade que havia entre ambos.

“Foi uma amiga muito especial, nunca tivemos a mais pequena desavença, apoiávamo-nos muito mutuamente e éramos muito cúmplices”, afirmou.

A cantora Madalena Iglésias, que venceu o Festival da Canção em 1966 com a música "Ele e Ela", morreu hoje aos 78 anos numa clínica em Barcelona, Espanha.

O velório realiza-se hoje a partir das 18:00 locais (17:00 em Portugal), na sala 18 do Tanatório de Collserola, em Barcelona.

Madalena Lucília Iglésias do Vale nasceu a 24 de outubro de 1939, na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa. Iniciou carreira no Centro de Preparação de Artistas, na ex-Emissora Nacional, e em 1966 venceu o Festival RTP da Canção com o tema “Ele e Ela”, de Marco Canelhas.

Na altura, a artista já se tinha apresentado em 1959 na televisão espanhola e, em 1960, foi eleita por votação popular, através de subscritos, Rainha da Rádio e da Televisão.

Em 1962 representou Portugal no Festival de Benidorm, que lhe abriu definitivamente as portas do mercado internacional. Realizou digressões por Espanha e pela América do Sul, gravou para a discográfica Belter e concorreu a diferentes festivais internacionais, como o Palma de Maiorca e o de Aranda del Duero, que venceu em 1964.

Em 2008, em declarações à Lusa, a propósito da publicação da sua fotobiografia “Meu nome é Madalena Iglésias”, de autoria de Maria de Lourdes de Carvalho, a intérprete afirmou que sempre se sentiu perseguida pelo complexo da beleza, apesar de reconhecer que "estava à frente" do seu tempo.

No texto de abertura da sua fotobiografia, a cantora referiu-se à sua carreira, que ultrapassou as fronteiras nacionais, como “um caminho percorrido com entusiasmo, alegria, êxitos e algumas nuvens”, e garantia: “Tenho um pouco do que vibrei!”.