“Propusemo-nos a revisitar o universo do Vladimir Maiakovski [1893-1930], um poeta que ficou conhecido como o poeta da Revolução [Russa], mas é também um poeta revolucionário. Revolucionária também à própria poesia, o modo como a poesia passa a ser pensada nessa altura. É uma figura central das chamadas vanguardas históricas, particularmente as vanguardas russas, e é também um poeta que esteve muito engajado (comprometido) com a Revolução de Outubro, que nos primeiros anos aderiu como ativista”, explicou à agência Lusa Igor Gandra, encenador e cenógrafo da peça, à margem do ensaio de imprensa, hoje à tarde, no Rivoli.

“Maiakovski - O Regresso do Futuro" é uma cocriação das companhias portuenses Teatro de Ferro e Teatro de Marionetas do Porto - e uma coprodução com o FITEI -, trabalhada em conjunto com o objetivo de se construir uma máquina do tempo, em que se imagina uma tentativa de ressuscitar o poeta russo Maiakovski, algures numa linha temporal alternativa.

No enquadramento do palco há vários cabos a imitar as tais linhas temporais, dando a ideia do arrastar do tempo que se vê por vezes em determinadas fotografias. Os atores vão aparecendo, descalços, entrando com cartazes do tamanho deles, e onde se leem frases como “Máquina do tempo” e “Tempo da máquina”, “Máquina do teatro” e “Teatro da máquina” ou “Tempo do teatro” e “Teatro do tempo”.

"Há uma série de personagens que viajam no tempo. Há personagens que são congeladas e acordam 50 anos mais tarde. Há personagens que viajam no tempo e vêm até ao presente teatral para nos dar recados vindos do futuro” e isso é tudo transportado para o palco, onde vão estar cinco atores, explica o encenador, referindo foi feita uma “seleção dos momentos mais importantes da poesia, como do teatro [de Maiakovski]”, para depois fazer “uma espécie de montagem um bocadinho dadaísta desses momentos para construir esta peça”.

Segundo Igor Gandra, fundador e codiretor artístico do Teatro do Ferro, há várias mensagens na peça "Maiakovski - O Regresso do Futuro". Mensagens de “olhem para trás, olhem para o que nós fizemos, vejam como nós conseguimos isto e aquilo, mas vejam também o que não conseguimos e o que desejávamos ter conseguido em termos de mudança e de transformação da sociedade, do próprio mundo”.

Através desta ficção, habitada por atores e marionetas, são reanimados objetos do universo de Maiakovski, como imagens, poemas e fragmentos de peças da sua máquina do teatro, que contam com tradução e apoio à dramaturgia de Reginma Guimarães.

Ouvem-se explicações do significado de palavras como “confusão”, “suicídio”, e também diálogos, embora nem sempre pacíficos, entre o “ativismo político, desejo amoroso, o trabalho da poesia e uma espécie de troca de correspondência constante com o futuro”, refere o texto de apresentação da obra.

O acompanhamento artístico da peça é assinado por Isabel Barros. Na interpretação estão os atores Carla Veloso, Eduardo Mendes, Micaela Soares, Rui Oliveira e Vítor Gomes.

O desenho de luz ficou a cargo de Filipe Azevedo, as percussões ficaram a cargo de João Pais Filipe, a sonoplastia é da responsabilidade de Igor Gandra, que com Eduardo Mendes trataram das marionetas e outros objetos.

A peça "Maiakovski - O Regresso do Futuro" estreia-se sexta-feira, às 19:30, no Grande Auditório do Rivoli. Tem duração de 50 minutos, é para maiores de 14 anos e os ingressos custam nove euros.

Deverá estar em cena em Lisboa, no Teatro S. Luiz, nos dias 21 e 22 deste mês, sempre às 20:00, no contexto de uma itinerância por diferentes salas do país, que deverá estender-se até julho.

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