Fonte da Presidência da República disse à Lusa que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, visitará os espaços públicos do teatro, onde será inaugurada uma exposição-instalação alusiva à carreira da atriz, após o que assistirá à peça, à exibição de um vídeo sobre a carreira de Carmen Dolores, seguindo-se um discurso.

Questionada pela Lusa sobre se o chefe de Estado irá agraciar Carmen Dolores com alguma ordem honorífica, a mesma fonte disse não estar previsto.

Inspirada no livro “Vozes dentro de mim”, editado em 2017, e com elementos de duas outras obras de memórias da atriz, “Carmen” foi uma ideia do diretor artístico do Trindade para homenagear Carmen Dolores, de 94 anos, que se estreou em cinema e teatro no Trindade, primeiro com o filme “Amor de Perdição”, de Leitão de Barros, aí exibido pela primeira vez, em 1943, e, dois anos mais tarde, em “Electra, a mensageira dos deuses”, de Jean Giraudoux, com encenação de Francisco Ribeiro (Ribeirinho).

A partir de hoje, a sala principal do Teatro da Trindade passa também a ter o nome da atriz, que se retirou dos palcos em 2005 ao fim de 60 anos de carreira.

Além de Carmen Dolores, estão confirmadas as presenças dos ministros da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e do do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, da vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, e do presidente da Fundação Inatel, Francisco Madelino, segundo acrescentou à Lusa fonte do teatro.

A homenagem começa com a visita à exposição-instalação, que revisita parte da carreira de Carmen Dolores. Após a representação da peça e de um vídeo sobre a homenageada, serão feitos os discursos oficiais.

A exposição/instalação está dividida por temas e localiza-se no átrio do teatro, no salão nobre e nos espaços designados por segundo e terceiro superiores. Inclui ainda vitrines com objetos pessoais de Carmen Dolores.

No átrio fica o espaço “Virgínia”, com elementos da cenografia original da peça homónima da dramaturga irlandesa Edna O'Brian, que Carmen Dolores protagonizou em 1985.

Encenada por Carlos Avilez, a peça esteve em cena no Teatro Experimental de Cascais (TEC) e valeu a Carmen Dolores o Prémio da Crítica desse ano.

No espaço “Camarins”, no salão nobre, reproduzem-se três camarins e os figurinos originais usados por Carmen Dolores noutras tantas peças: “Jardim Zoológico de Cristal” (Teatro Nacional D. Maria II, 1980), “Espectros” (TEC, 1992) – em que contracenou com Diogo Infante e Natália Luiza) -, e “Confissões numa esplanada” (Teatro Aberto, 1994).

Na "segunda ordem" está a área "Cinema", onde se exibe um painel com cartazes e imagens da carreira de Carmen Dolores, bem como um documentário dobre a atriz, realizado por Pedro Macedo.

No local designado como "terceira ordem" fica o espaço “Poesia”, que conta com um ponto de escuta que permite ouvir a atriz a dizer poesia na rádio, o seu "primeiro mundo" antes do cinema e dos palcos, que era uma coisa que nem queria, como a própria confessa nas memórias.

A mostra tem conceção e coordenação de Marta Carreiras – que também assina o espaço cénico e os figurinos de “Carmen” – enquanto a pesquisa e investigação foram de Cristina Faria.

Na plateia do Trindade, a assistir a "Carmen", hoje, vão estar atores, a pedido da homenageada, colegas com quem trabalhou ao longo da carreira.

Eunice Muñoz, Manuela Maria, Fernanda Lapa, João Lourenço, Carlos Avilez, Maria do Céu Guerra, Irene Cruz, Lurdes Norberto, Cecília Guimarães, João Mota, Vítor Pavão dos Santos, Lídia Franco, Rui Mendes, Luís Alberto e Paula Carvalho, em representação de Ruy de Carvalho, são, segundo fonte do Trindade, presenças confirmadas.

“Carmen” tem texto dramatúrgico e encenação de Diogo Infante e interpretação de Natália Luiza, assinalando também o regresso desta atriz ao palco, dez anos depois da última pressa representada.

Coproduzida pelos teatros da Trindade e Meridional, de que Natália Luiza é codiretora artística com Miguel Seabra, “Carmen” vai estar em cena até 29 de julho. Tem espetáculos de quarta-feira a sábado, às 21:30, e, aos domingos, às 16:30, exceto dia 15 em que o espetáculo será às 21:30, na que é a última de quatro representações integradas no 35.º Festival de Almada.

Nascida em Lisboa, a 22 de abril de 1924, Carmen Dolores fez carreira na rádio, tanto a ler poesia como teatro radiofónico, no cinema e no teatro.

“Copenhaga”, no Teatro Aberto, com encenação de João Lourenço, foi a peça com que, em 2005, se despediu dos palcos após uma carreira de 60 anos.

O grau de grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira, da Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro constam do palmarés da atriz.