Ao cair da noite de ontem, mesmo antes de Miguel Araújo subir ao palco, dezenas de festivaleiros cruzavam ainda, pela primeira vez, as portas de acesso ao campismo. Vinham preparados para a primeira noite "a sério" do festival. Uma noite intermitente que atingiu o apogeu com o neerlandês Robbert van de Corput, mais conhecido como Hardwell - o DJ que fez chover estrelas na Herdade da Casa Branca.

Miguel Araújo deu o pontapé de saída no palco MEO SW. O cantautor português, que ficou conhecido com a contagiante e humorada "Os Maridos das Outras", levou um alinhamento preparado ao pormenor. Ainda com pouco público, as centenas de pessoas que assistiram ao espetáculo do cantor foram surpreendidas com a sua loucura, extravagância, cor, sonoridades e os covers especiais de artistas como Bob Dylan ou Camané.

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A noite arrefecia mas, ainda assim, quando o simpático britânico Tom Odell subiu ao palco, a audiência havia duplicado em tamanho e efusividade. Com a sua voz quente, o cantautor inglês, descoberto por Lilly Allen, passeou-se pelo seu primeiro e, até à data, único álbum de originais. A plateia, essa, dividia-se em opiniões: ora ouvíamos gritar um piropo ora alguém bramava por Hardwell. O espetáculo do compositor acabou por desapontar pela falta de interacção e timidez do jovem artista que brindou com whisky ao festival e ainda conseguiu ouvir uma multidão afinada dividir com ele os refrões dos seus singles. Indubitavelmente, testemunhámos um concerto que arriscamos dizer não soaria tão agridoce noutro ambiente.

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De um concerto ameno para um totalmente explosivo, John Newman, também pela primeira vez em Portugal, foi a surpresa da noite. O britânico que assina o álbum "Tribute", assim batizado por ser dedicado a dezenas de artistas que moldaram e definiram o panorama musical ao longo das últimas décadas, parece ter sido desenhado à semelhança do registo. A lembrar nomes tão variados como Elvis Presley, Matt Bellamy, Michael Jackson ou Win Butler, o talentoso cantor inglês corria, saltava e desdobrava a voz sem perder a pujante presença em palco que hipnotizava os festivaleiros. Querendo ir buscar tanto de tantos artistas, acabámos por rever alguns deles na teatralidade e interacção com que abraçava público e palco. Pediu por barulho, por energia e elogiou a multidão presente dizendo que Ellie iria ter uma ótima plateia. Com os acordes de "Love Me Again", os grupos dispersos pelo recinto não resistiram e o refrão foi repetido uma dezena de vezes apenas entre o coro em palco e o da audiência dançante. Ajoelhou-se antes de sair e agradeceu.

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 Mesmo antes do aguardado DJ holandês, houve tempo para mais uma estreia: Ellie Goulding. A britânica não desiludiu mas também não arriscou. Sempre sorridente e conversadora, entrou a medo mas, ficou visivelmente emocionada pela receção calorosa. Singles como "Lights", "Burn" ou "I Need Your Love" não foram esquecidos e a plateia já totalmente composta deu voz aos hits pop. Já ao cair do pano, com os devidos agradecimentos, a cantora prometeu voltar a Portugal em breve.

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Considerado pela DJMag, o melhor DJ do mundo, os holofotes estavam postos no regresso de Hardwell a terras lusas. E não desiludiu. Com fumo, fogo e fitas, o holandês transformou a sua atuação e fez as delícias dos festivaleiros que se limitavam a imitir sons vocálicos quando as bridges já não tinham letra. O holandês deixou os mais atentos de sorriso no rosto ao lançar estrelas de papel no céu durante a sua remistura de "A Sky Full Of Stars". Sempre falador, pedindo por saltos e loucura - que havia de sobra nos passos de dança e gritos - durante quase duas horas de concerto, viu o público entregar-se totalmente, cantando a plenos pulmões singles como o tema do festival: "Dare you". Hardwell agradeceu e abandonou o palco. A neblina instalou-se no recinto e a noite arrefeceu mas, na tenda electrónica e um pouco por todo o campismo, a festa ainda não terminou.

Fotos: Ana Rita Santos e Raquel Cordeiro

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