Heinz Jakob Schumann faleceu em Berlim, no domingo, 28 de janeiro, "após uma vida digna de romance", confirmou esta segunda-feira a sua editora, a Trikont.

O alemão distinguiu-se musicalmente por ter sido um dos primeiros a introduzir a guitarra elétrica na Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial, bem como por uma infinidade de concertos com seu "Quarteto Coco Schumann". Mas foi especialmente pelo seu percurso e  história pessoal dramática que ficou conhecido no seu país e internacionalmente.

Filho de um alemão cristão convertido ao judaísmo e de uma mãe alemã judia, foi preso em 1943 e enviado para o campo de concentração de Théresienstadt, anexado pelo Terceiro Reich, para tocar para os SS. O seu grupo recebeu o nome de "Ghetto Swingers".

Em setembro de 1944, foi enviado para um campo em Auschwitz. Com outros músicos,Heinz Jakob Schumann era obrigado a tocar quando os novos deportados chegavam, para os kapos ou quando os prisioneiros deixavam o campo de trabalho.

"Quando tocava, esquecia-me tudo. Esquecia a estrela amarela costurada no meu peito", disse o músico ao jornal francês Le Monde há uma década.

Libertado pelas tropas norte-americanas, sobrevivente de uma grave doença, primeiro decidiu ficar na Alemanha, onde começou sua carreira como músico de jazz e swing. Em 1950, exilou-se com a sua família na Austrália, mas, por falta de sucesso, voltou à terra natal quatro anos depois.

Durante muito tempo, pouco falou sobre a deportação. "De qualquer forma, ninguém entenderia. Estava um pouco envergonhado de ter sobrevivido e queria ser reconhecido como músico, não como um sobrevivente de Auschwitz", disse ao Le Monde.