Em comunicado, o Ministério refere que, após procedimento de seleção internacional lançado pelo Organismo de Produção Artística (Opart), o júri indicou para a direção artística do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) Ivan van Kalmthout, dos Países Baixos, para um mandato a iniciar a 1 de julho próximo e a terminar a 30 de junho de 2027.

Apesar da "qualidade das cinco candidaturas" que passaram à última fase do processo de seleção, Ivan van Kalmthout distinguiu-se “pela sua apresentação programática para a realidade dos próximos anos, aliada a sólido curriculum e longa experiência de direção artística, gestão e programação de corpos artísticos”, justifica o júri.

O trabalho de Ivan van Kalmthout passou anteriormente por diferentes teatros líricos europeus, em diferentes funções de assistência artística, planeamento e direção, como a Ópera de Antuérpia, a Ópera Estatal de Hamburgo e o Teatro Liceo de Barcelona, de acordo com o seu currículo.

Ivan van Kalmthout sucede à soprano Elisabete Matos, na direção artística do S. Carlos.

Para o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, citado no comunicado do seu ministério, a realização de procedimentos internacionais de seleção para escolher as direções artísticas dos Teatros Nacionais e da Companhia Nacional de Bailado constitui uma boa prática, fundamentada na separação entre as opções artísticas e as opções políticas dos Governos.

Este primeiro concurso, aberto a 3 de fevereiro último, registou 22 candidaturas: sete portuguesas e 15 provenientes de diversos pontos do mundo.

Novos concursos para os Teatros Nacionais D. Maria II, São João e Companhia Nacional de Bailado serão oportunamente lançados, no termo dos mandatos de direção artística em vigor, acrescenta o comunicado do Ministério da Cultura.

A presidente do Opart, Conceição Amaral, o curador e programador Delfim Sardo, vogal do conselho de administração do Centro Cultural de Belém, o cenógrafo, figurinista e encenador Nuno Carinhas, antigo diretor artístico do Teatro Nacional São João, o gestor e programador Rui Morais, vogal do conselho de administração do Opart, e o professor universitário e musicólogo Rui Vieira Nery, antigo diretor-adjunto do Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian e atual diretor do programa de Língua e Cultura Portuguesas desta instituição, constituiram o júri que escolheu Ivan van Kalmthout como o portador da “melhor e mais adequada carta de motivação e de apresentação programática para a realidade dos próximos anos e pela sua visão estruturada de um trabalho a ser feito nas várias vertentes da direção artística e da gestão interna e externa de um teatro lírico sem palco próprio”.

De acordo com a carta, nos seus dez pilares da apresentação programática, enquanto candidato, resumiu de forma coerente, séria e realista um programa claro e totalmente alicerçado e enquadrado na missão do TNSC, segundo o júri.

“Aliada ao seu sólido curriculum e percurso profissional e artístico e especialização profissional em direção artística de teatros líricos europeus durante vários anos, como diretor artístico da Staastoper Unter den Linden (Berlim) e adjunto do diretor artístico e posteriormente diretor artístico interino do Gran Teatre del Liceu (Barcelona), e a associada gestão de equipas artísticas, técnicas e de comunicação, a candidatura de Ivan van Kalmthout granjeou a validação", por parte do júri, como “o perfil desejado para o desafio de direção artística em tempos de mudança e de incerteza durante o período de encerramento ao público do Teatro Nacional de São Carlos e de preparação da reabertura em 2026”.

O seu conhecimento relevante da realidade atual do mundo lírico, devido ao trabalho desenvolvido nos últimos anos no âmbito de concursos internacionais, como diretor-geral do Concurso Internacional de Canto de ‘s-Hertogenbosch, e como diretor executivo do Mahagonny Opera Group (Londres) na produção de ópera contemporânea, pesaram também na escolha.

Para o júri, o projeto para o TNSC de Ivan van Kalmthout, que domina seis a sete línguas, no período complexo de transição que corresponde ao início das obras e à consequente necessidade de uma programação articulada com outros palcos da cidade e do país, durante o encerramento ao público, “apresenta uma proposta ambiciosa mas realista, que equilibra a apresentação do repertório canónico com a abertura à composição contemporânea”.

O júri destaca igualmente a inserção na rede internacional de produção operática com a aposta no desenvolvimento da carreira de jovens intérpretes nacionais e a promoção do repertório português, ao mesmo tempo que visa a formação de novos públicos e o reforço do programa educativo do Teatro em permanente articulação com os parceiros do território nacional e com os seus congéneres europeus.

"'Fazer funcionar' parece ser o atributo inegável do candidato, tanto para dentro, na relação com os quadros artísticos e técnicos, quanto para fora, pensando estratégias de captação de públicos, relacionamento com as escolas, criação de um centro de estudo (de sublinhar a atenção inscrita na proposta aos Estúdios Victor Cordón) ou o diálogo com teatros congéneres", acrescenta a nota do Ministério da Cultura.

Ivan Van Kalmthout foi também diretor da Ópera de Berlim (2010-2013), chefe do gabinete de gestão artística da Ópera de Hamburgo (1997-2000) e diretor de casting da Vlaamse Opera, Antuérpia e Gante (1991-1997).