A Academia Sueca, que atribui o galardão, explicou no final de setembro que, por razões de agenda, não anunciaria o vencedor na mesma semana que os das outras categorias criadas por Alfred Nobel.

“Isso deixa mais um pouco de tempo para especular” sobre a identidade do laureado, gracejou então o académico Per Wästberg, em declarações à agência de notícias francesa, AFP.

Muitos observadores creem ler neste desvio à tradição o sinal de uma discórdia quanto à escolha do vencedor. “Na minha opinião, não é nada uma questão qualquer de ‘agenda’, mostra, sim, um desacordo no processo de atribuição do prémio”, sustentou Björn Wiman, editor de cultura do diário Dagens Nyheter.

Só há uma certeza, a dois dias do grande dia: “Só sabemos que nada sabemos”, resumiu Madelaine Levy, crítica literária do diário Svenska Dagbladet.

Os nomes do queniano Ngugi wa Thiong’o, dos norte-americanos Don DeLillo e Joyce Carol Oates e do japonês Haruki Murakami são recorrentes, mas ninguém porá por eles a mão no fogo.

Para ajudar à confusão dos palpites de 2016, Wiman afirmou: “Penso que será [o norueguês Jon] Fosse, espero que seja [o israelita David] Grossman e regozijo-me com a ideia de [que possa ser a italiana Elena] Ferrante”.

Às especulações, a Academia Sueca responde com um silêncio polido.

“Algumas pessoas querem saber o que está dentro dos presentes de Natal e algumas querem ser surpreendidas. Nós queremos surpreender-vos”, defendeu-se Odd Zschiedrich, chanceler da respeitável instituição.

O método é imutável: em fevereiro, a Academia elabora uma lista de todas as candidaturas que lhe foram enviadas, depois, em maio, redu-la a cinco nomes, sobre os quais os seus membros se debruçam durante o verão antes de decidirem quem será o escolhido. No início de outubro, é chegado o momento da sua consagração.

Em 2015, a Academia surpreendeu “ao não surpreender”, observou Wiman. A escolha recaiu sobre a bielorrussa Svetlana Alexievitch, cuja obra documental era dada como favorita dos meios literários e dos sites de apostas online, cada vez mais numerosos, que permitem alimentar a competição.

Este ano, os oráculos preveem um regresso à ficção – prosa, teatro ou poesia.

Murakami, grande favorito dos apostadores e do público, não deverá obter os votos da Academia. Demasiado superficial, diz-se unanimemente nos círculos literários.

“Há margem para uma categoria de autores que ainda não foram premiados”, como foi o caso de Alice Munro e dos seus contos, ou de Alexievitch e da reportagem literária, comentou Mattias Berg.

No entanto, apostaria antes na norte-americana Joyce Carol Oates, escritora de romances, de longe o género mais distinguido pela Academia Nobel.

Além disso, prosseguiu, o prémio deverá ser atribuído a uma mulher, tanto mais que a Academia se feminizou e que, desde 1901, só 14 mulheres foram laureadas, em contraste com o número de homens, 98.

Os Estados Unidos, pela última vez galardoados em 1993, poderão ser o país do vencedor deste ano.

“Há já muito tempo que um autor norte-americano não recebe o prémio. É por isso que o grande romance americano está sub-representado”, observou Madelaine Levy.

As considerações geográficas e de sexo são, todavia, estranhas à Academia, insistiu o seu chanceler.

“A única coisa que interessa à Academia é saber se o autor é dotado, se a sua escrita é melhor que a dos outros escritores selecionados”, concluiu Zschiedrich.

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