Bateu Matou é um projeto recente dos músicos Quim Albergaria, Riot (Rui Pité) e Ivo Costa, todos eles bateristas que nos últimos anos têm trabalhado em vários grupos e com outros artistas, dos Paus aos Buraka Som Sistema, da fadista Caminho, a Batida e Sara Tavares.

O laboratório criativo deste ‘supertrio’ tem sido o Musicbox, em Lisboa, onde atuam numa residência mensal desde o outono passado. Hoje, mudaram de escala e montaram o baile no festival NOS Alive, no Passeio Marítimo de Algés, planeiam mais concertos nos próximos meses e talvez um álbum.

“É um projeto onde podemos partilhar o palco só com pessoas que tocam o nosso instrumento, que é uma coisa rara, e conseguirmos desenvolver isso com alguma liberdade em cima do palco”, afirmou Ivo Costa à agência Lusa, pouco antes do concerto.

Quem se lembrou de criar Bateu Matou foi Quim Albergaria, um dos bateristas dos Paus, porque queria tocar e aprender mais com outros bateristas portugueses.

“A ideia de uma banda de baile que aprendeu com as coisas dos DJ era uma ideia que no papel fazia sentido. (…) No centro disso tudo há tambores, o instrumento mais universal de todos. Somos todos do mesmo sítio, mas pomos os tambores ao serviço de outras coisas, estamos a falar a mesma língua com o mesmo vocabulário, com o mesmo abecedário”, disse.

Com concertos feitos à medida do público que tem na frente – hoje no NOS Alive foram buscar temas de Snoop Dog ou Camila Cabello -, o grupo vai passando por géneros musicais diferentes.

“Três bateristas conseguem desenvolver a habilidade de um DJ de ler público. E isso deu-nos 'estaleca' para perceber que se vamos tocar às cinco não é a mesma coisa de tocar às duas da manhã”, afirmou Quim Albergaria.

Há mais concertos marcados, a anunciar em breve, e uma vontade de entrar em estúdio.

“Não há de ser aquele álbum clássico que se fazia há dez anos. Não faz sentido. É um projeto de improviso, com música de seguida quase como se fosse um DJ set. Originais, versões de outras pessoas, ainda estamos a definir como vamos fazer o nosso processo, e como vamos difundir a nossa música”, revelou Riot.

O festival NOS Alive termina hoje no Passeio Marítimo de Algés, com os norte-americanos Pearl Jam como cabeças-de-cartaz.

Desde quinta-feira, pelo recinto passaram mais de uma centena de bandas, repartidas por sete palcos. A música portuguesa passou por nomes como Paus, Miguel Araújo, Jorge Palma, Blasted Mechanism, The Gift, Xinobi. Surma, Throes +The Shine, Marta Pereira da Costa e Branko.