Vamos recuar até 2012. O Alive ainda tem outro prefixo e o último dia dessa edição recebe os Radiohead, no único dia esgotado. O concerto é marcado pelo longo alinhamento, mas também pela ausência de alguns temas conhecidos como "Fake Plastic Trees", "No Surprises" ou ainda a célebre "Creep", mas é compensada com temas como "Pyramid Song", "Paranoid Android" e por aí fora. Nessa noite, renovaram-se as juras de amor com Portugal e a expectativa de voltar a vê-los em breve.
Foi preciso chegar até 2016. Nestes quatro anos, o Atoms for Peace, projecto de Thom Yorke, ganha vida com novo álbum; o mesmo Thom Yorke que lidera uma batalha contra as plataformas de streaming que não existiam há quatro anos. Mas também surge um álbum novo para os Radiohead, A Moon Shaped Pool, o nono álbum de estúdio. Novo álbum é motivo mais que suficiente para esgotar o Alive mais uma vez. Não será mentira se afirmar que é das bandas mais acarinhadas pelos portugueses nos últimos 20 anos.
Após a confirmação, começam a digressão pela Europa e uma surpresa aparece. Thom Yorke e companhia tocam um tema outrora renegado, que já não tocavam ao vivo desde 2009, Creep. Será que Portugal iria ter oportunidade de o ouvir? Afinal de contas, para nos lembrarmos da última vez que tocaram Creep em solo luso, é necessário fazer várias pesquisas e verificar foi em 2002 no Coliseu do Porto. Várias dúvidas vão surgindo, a ansiedade vai aumentando e a expectativa também.
Estamos a 8 de julho. Os Radiohead finalmente sobem ao palco. Burn The Witch, single de lançamento, é quem dá o mote para um concerto muito voltado para o novo álbum, como é óbvio. Alguns problemas sonoros, numa fase inicial, impedem de apreciar outros temas do disco como Daydreaming, Decks Dar, Desert Island Disk ou Ful Stop. Há uma correria no novo álbum, mas há outros grandes temas que não são esquecidos. Olá para Lotus Flower, Everything in Its Right Place... Ao final de 17 músicas, ficam a faltar com pena alguns temas como True Love Waits ou mesmo Pyramid Song. A relação público-banda é mais intensa quanto mais próxima do palco o público está. Quem chegou mais tarde e ficou na retaguarda, infelizmente não acaba por sentir a ligação singela entre a banda e os seus fãs.
O tempo vai passando, uma pessoa deslumbra-se com a voz de Thom Yorke, mas também pelos visuais apresentados. Não é arte vanguardista mas auxilia no transporte para uma viagem no tempo, recordando temas de outros álbuns como Ok Computer, de 1997 (Paranoid Android e Exit Music), ou ainda In Rainbows, de 2007 (Nude).
O concerto “acaba”, o primeiro encore “acaba”, vem aí o segundo encore. Thom Yorke apenas diz: “so, let’s play this”. Vem aí Creep, ou seja, sinónimo de tirar todos os telemóveis do bolso e gravar o momento único, que também foi cantado em uníssono pelo público. Como se não bastasse esta prenda, para terminar veio Karma Police, que fez terminar de maneira perfeita o concerto que fechou com chave de ouro mais um capítulo na bonita relação entre os Radiohead e Portugal.
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