Mário Laginha assina igualmente uma das composições, assim como João Gil, João Monge, José Medeiros, Luís José Martins, Manuel Paulo, Marco Oliveira, Pedro da Silva Martins e Ricardo Parreira.

“O manual do coração” sucede a “1987”, editado em 2013, no qual Helder Moutinho já gravou, entre outras, composições de João Gil e Marco Oliveira.

Quanto à escolha de João Monge como letrista exclusivo, o fadista, também poeta, afirmou que os textos do disco foram surgindo de longas conversas, entre o fadista e Monge, “abordando episódios e histórias que lhes aconteceram, pessoalmente ou a amigos”.

Desde o início ficou definido que as melodias seriam todas originais. “Acordámos que, assim que cada letra ficasse pronta, o Monge iria ver quem seria ‘a cara’ desse texto, e depois convidá-lo-íamos para compor a música”, contou.

O primeiro convidado foi o açoriano Zeca Medeiros, seguindo-se-lhe Manuel Paulo Felgueiras, Vitorino, João Gil, Pedro da Silva Martins e Luís José Martins - ambos dos Deolinda, e que já compuseram para outros fadistas, designadamente Ana Moura -, depois, Ricardo Parreira, Marco Oliveira, Carlos Barretto e Mário Laginha, estes dois últimos músicos da área do jazz, tendo Laginha já composto para Cristina Branco e Camané.

Helder Moutinho gravou este álbum numa residência artística no Centro Internacional de Musicas e Danças do Mundo Ibérico, Musibéria, em Serpa, entre dezembro do ano passado e janeiro último, com os músicos Ricardo Parreira, na guitarra portuguesa, Marco Oliveira, na viola, e Ciro Bertini, no baixo.

O álbum conta com a participação especial do contrabaixista Carlos Barretto.

“O manual do coração” compõe-se maioritariamente de “fados-canção”, embora "alguns temas respeitem a estrutura do fado tradicional”, segundo comunicado da produtora.

Uma “fuga” à utilização e valorização das melodias do fado tradicional que tem norteado a sua carreira, era importante neste disco, como referiu o criador de “Que fado é este que trago”.

“Mesmo por defender o fado tradicional, não fazia sentido para estas letras voltar a ir buscar fados tradicionais que já tivessem sido gravados muitas vezes. E acredito que alguns destes temas se vão tornar em novos fados tradicionais”, afirmou o fadista.

A ideia de “O manual do coração” é uma “coleção de contos”, que se vai estender à produção de palco, “com várias histórias à volta de um ponto de encontro que será a sala de espetáculos, que serão maioritariamente deste disco, mas poderão também vir dos anteriores”, realçou.

Em vinte anos de carreira, “O manual do coração” é o quinto álbum de Helder Moutinho, que se estreou discograficamente com “Sete fados e alguns cantos” (1999), seguindo-se “Luz de Lisboa” (2004), “Que fado é este que trago” (2008) e “1987” (2013).