“A Assembleia da República manifesta o seu pesar pelo falecimento de José Pinho, prestando homenagem à sua defesa ousada e inovadora do livro, da leitura e da cultura, transmitindo aos seus familiares e amigos as suas sentidas condolências”, lê-se na parte resolutiva do voto.
Nascido em 1953 numa aldeia do concelho de São Pedro do Sul (Viseu), José Pinho exilou-se aos 19 anos em França depois de ter lutado contra o fascismo e de se ter recusado a combater na guerra colonial.
“Volta a seguir ao 25 de Abril e vive o período revolucionário intensamente, tendo por exemplo participado na Comissão de Trabalhadores de um estaleiro naval. Emigrou novamente e, em França, foi vendedor de jornais, ajudante de cozinha, ‘chef’ e técnico fabril”, recorda o texto.
De regresso a Portugal, formou-se em Línguas e Literaturas Modernas, foi professor de português e de francês no Liceu Camões, passando por outras atividades antes de se tornar livreiro.
Funda com António Ferreira, a revista Ler Devagar, que dará origem à livraria com o mesmo nome, com a missão de dar a conhecer o trabalho de diferentes autores.
“Em 1999, nasce no Bairro Alto, a Ler Devagar, a primeira livraria de fundos do país alicerçada no conceito de comprar e vender a preço mais baixo os títulos acumulados nos armazéns das editoras e distribuidoras, e que altera o conceito tradicional de livraria, acrescentando um ambiente cultural de encontro e partilha”, recorda ainda o voto, referindo que a mesma se mudou depois para a Lx Factory, onde se mantém até hoje.
O texto assinado pelos grupos parlamentares do PS e do BE assinala também a criação, em 2013, de um “projeto que transforma Óbidos, abrindo 11 livrarias em lugares abandonados e animando o ecossistema com festivais literários: o Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos e o Latitudes – Literatura e Viajantes”.
José Pinho mereceu várias distinções, das quais se destaca a atribuição da Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Lisboa, a Medalha de Mérito Municipal de Óbidos e o grau de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada, pelo Presidente da República.
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