O artista apresenta o seu novo disco, "To Syria, With Love", uma viagem aos sons eletrónicos árabes, numa mistura entre música techno e a famosa 'dabke', classificado pelo próprio como "um presente" do seu coração para os sírios, embora não haja sentimentos de "nostalgia ou desamparo".

"Sim, há muita dor e reflexão sobre aquilo que se está a passar [no país], mas há também muitos temas bonitos nas letras e músicas do álbum", disse o músico à Lusa, acrescentando ainda que os sírios são "um povo que tenta manter-se positivo em todas as situações".

Ainda assim, Omar Souleyman afirmou que o disco não é uma mudança na maneira de fazer música, porque quer permanecer imutável no estilo, sem abordar política nas letras, compostas por um contribuidor de longa data, o poeta Shawah Al Ahmad.

"As letras neste álbum são sobre a minha casa, a minha terra e não há qualquer referência a política. Isto é apenas poesia sobre a nossa tristeza coletiva e saudade de casa", explicou.

Nascido no nordeste da Síria, onde a diversificação se faz sentir graças às presenças de comunidades sunitas, curdas, árabes e turcas, Omar Souleyman não crê que este fator seja um "contribuidor" para a sua música, mas apenas a sua "realidade".

"Foi onde vivi, trabalhei e me tornei um músico. Tive a oportunidade de cantar em casamentos de todas as fações e isso deu-me oportunidade de me adaptar ao estilo de toda a gente. Mas tenho o meu próprio estilo dentro da música, que é apenas tradicional", apontou.

Foi nos casamentos que menciona, nos anos de 1990, onde o músico começou a sua carreira, nos quais gravava uma cassete com a sua atuação ao vivo, e presenteava-a ao casal, para, posteriormente, colocar à venda em quiosques locais.

Depois de ter sido descoberto por um músico californiano, que mais tarde conseguiu uma permissão para distribuir as compilações através de uma editora independente norte-americana, o sírio ganhou mais notoriedade internacional, do que aquela que tinha no seu próprio país, o que lhe abriu as portas dos maiores palcos internacionais.

Eventualmente, mudou-se para a Turquia, não para "fugir" da Síria, mas sim porque tem de viajar constantemente e, no seu país, "não há voos internacionais desde 2012".

Recusa ver-se a si próprio como uma influência, ou bastião cultural. Omar Souleyman é apenas e só um músico.

"Posso ser sírio, mas não é isso que me define inteiramente. Sou como toda a gente: igual".