O novo equipamento cultural da capital abre com a exposição "TAKE 1 – A Coleção do Artista Julião Sarmento", com curadoria de Isabel Carlos, diretora artística do novo museu da EGEAC – Lisboa Cultura), apresentando uma seleção de obras emblemáticas do gosto e interesses do artista falecido em 2021, aos 72 anos.

A mostra, segundo a organização, parte de uma "metáfora cinematográfica – a ‘primeira tomada’ – para assinalar o início de um percurso expositivo que se desdobrará em múltiplas leituras", propondo dois grandes núcleos temáticos.

"Arte e Vida", "centrado na amizade, amor, partilha e celebração entre artistas", e "Espaço e Arquitetura", revelando "o fascínio do artista pelo habitar, pela construção do desenho arquitetónico e pela materialidade".

Entre os artistas representados encontram-se nomes da arte contemporânea internacional como Marina Abramović, Ernesto Neto, Robert Morris, Juan Muñoz, Cristina Iglesias, Rui Chafes, Richard Long, Lawrence Weiner, Ângela Ferreira, John Baldessari, Rita McBride, entre outros.

O novo equipamento fica instalado num edifício do município de Lisboa, originalmente usado como armazém de alimentos, e alvo de uma profunda reabilitação conduzida pelo arquiteto João Luís Carrilho da Graça.

O projeto – indicou a EGEAC-Lisboa Cultura, em maio - "nasce com a missão de preservar, estudar, ativar e partilhar a importante coleção privada do artista Julião Sarmento (1948–2021), constituída por cerca de 1.500 obras de arte, reunidas ao longo de décadas com um olhar singular e profundamente afetivo com a comunidade artística da qual era um dos protagonistas".

A obra, da responsabilidade da SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, representou um investimento de seis milhões de euros, ao qual se somaram 500 mil euros assegurados pela EGEAC – Lisboa Cultura.

Concebido por "um criador para outros criadores”, o espaço apresenta-se como “um lugar de proximidade entre artistas, públicos, investigadores e comunidades, com uma programação que vai muito além das exposições temporárias", refere a EGEAC – Lisboa Cultura.

No pavilhão, a organização espera que "as artes plásticas se encontrem com o cinema, a literatura, a performance, a música ou a moda, refletindo o espírito transversal que caracterizou a vida e a obra de Sarmento".

A cerimónia de inauguração acontece hoje, com abertura de portas às 18:00, na presença do presidente da autarquia, Carlos Moedas, seguido de um concerto pela artista Dorit Chrysler, que atuará com um ‘theremin’ - instrumento pioneiro da eletrónica em tempo real, que toma o nome do seu inventor, Louis Theremin.

A ideia de doar este acervo à Câmara Municipal surgiu depois de o artista ter exposto parte da sua coleção, em 2015, na mostra “Afinidades Eletivas”, dividida entre o então Museu da Eletricidade, integrado no atual Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), e a Fundação Carmona e Costa, em Lisboa.

Ainda em vida, Julião Sarmento considerou que o Pavilhão Azul seria “perfeito” para receber a coleção, pela localização no eixo museológico de Belém.

Anunciado em 2017, o projeto de recuperação do edifício surgiu na sequência da assinatura de um protocolo de parceria entre o artista visual e a autarquia para cedência da coleção em troca do uso do espaço para a expor publicamente, e em 2024 seria assinado novo acordo entre a Associação Coleção Julião Sarmento e a EGEAC-Lisboa Cultura.