De acordo com o documento, o plano de recuperação para a área da Cultura – um dos setores “mais penalizados pela crise sanitária e económica” - terá de passar pela descentralização da atividade cultural, pela criação de trabalho em rede e tendo como foco “as novas gerações, os talentos emergentes”.
Entre as propostas concretas apresentadas, para abranger “áreas insuficientemente exploradas”, consta a criação de um fundo público para a criatividade digital, “para projetos inovadores que associem arte e tecnologia”, instalação de “incubadoras para a criatividade e arte digital”, com ligação a universidades e centros tecnológicos.
É proposto ainda mais investimento tanto na investigação científica em cultura e património como na digitalização de conteúdos e obras artísticas, como cinema e obras de artes.
O plano de recuperação implica ainda a criação de várias redes de cultura, para capitalizar espaços e centros de arte contemporânea, muitos dos quais “fechados, ou com utilização muito reduzida”, a necessitarem de “modernização tecnológica”.
A intenção é que estas redes – Rede Nacional de Cineteatros e Cineclubes, Rede Nacional de Arte Contemporânea e Rede de Residências Artísticas – respondam aos agentes culturais que “não dispõem de espaços para criar”.
No documento, intitulado "Visão Estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030", são defendidos ainda programas de apoio a atividades artesanais, “assentes na tradição” e a reabilitação de património cultural e natural para futuros “programas eco-artísticos”.
Segundo o texto, a Cultura, a par da Diplomacia, das Forças Armadas e da Língua portuguesa, é um dos quatro pilares de um modelo geopolítico para Portugal, a “jangada Atlântica”, para a próxima década.
“É altura de o país assegurar e reforçar o mercado de bens e serviços culturais, promover e preservar o emprego nesta área e reconhecer o valor económico e geopolítico da cultura”, lê-se no documento.
No início de junho, o Governo confirmou que convidou o gestor da petrolífera Partex António Costa Silva para coordenar a preparação do programa de recuperação económica, na sequência da pandemia da COVID-19, e que este tinha aceitado o convite "como contributo cívico e 'pro bono'".
Em entrevista à agência Lusa a 4 de junho, António Costa Silva afirmava que a recuperação económica ia "ser lenta", impulsionada pelo fator "medo".
"Acho que vai ser lenta, porque nós temos aqui a erupção de um fator novo que também tem consequências económicas, que é o medo", afirmou.
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