A poesia de António Torrado “parte de uma lógica estruturalista para se tornar teatral”. “Uma poesia da língua que tem a vigia do texto”, disse Jorge Reis-Sá.
António Torrado, autor de mais de uma centena de obras literárias, em particular para a infância, morreu no ano passado, a 11 de junho, em Lisboa.
Poeta e dramaturgo premiado, antigo professor do Ensino Secundário, Torrado esteve desde cedo ligado à pedagogia, à produção literária para os mais novos, à recuperação e reinterpretação do conto tradicional, e à promoção da leitura.
"O mercador de coisa nenhuma", "Teatro às três pancadas", "Donzela guerreira" e "O veado florido" são alguns dos livros escritos por António Torrado, distinguido em 1988, pelo conjunto da obra, com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.
Torrado recebeu esta distinção outras quatro vezes, pelos livros "Como se faz cor de laranja" (1980), "O livro das sete cores" (1984), "O mercador de coisa nenhuma" (1996) e "As estrelas - Quando os reis eram príncipes" (1998).
António Torrado nasceu em Lisboa, em 21 de novembro de 1939, formou-se em Filosofia, na Universidade de Coimbra, e dedicou-se ao ensino na década de 1960, até ser afastado por motivos políticos, durante o Estado Novo.
Escreveu para jornais, trabalhou na área editorial, nomeadamente na Plátano e na Comunicação, foi chefe do Departamento de Programas Infantis na RTP e "fundador de uma escola infantil e básica, pioneira em Portugal do Movimento da Escola Moderna", como refere a biografia na página da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, numa alusão ao Colégio Fernão Mendes Pinto.
António Torrado, que já deu o nome a várias escolas do ensino básico, foi ainda cofundador da Associação Portuguesa de Escritores, do Instituto de Apoio à Criança e da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
“Das Coisas Interiores”, poesia completa de António Torrado, é uma edição da Glaciar, em parceria com SPA, que, em comunicado divulgado na terça-feira, se refere ao escritor como um antigo “membro destacado” dos seus corpos sociais.
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