Criada este ano para promover e salvaguardar o património da criação musical portuguesa, Portugal Maior quer ter "um efeito agregador dentro do aparelho de Estado", para "potenciar todos os apoios que existem" e "gerar riqueza".
"A nossa proposta é revolucionária, inovadora, para articular todas as partes dentro do aparelho de Estado para que seja potenciado", disse João Gil, no último dia do Why Portugal Music Conference.
No encontro, em que músicos e agentes ligados ao setor da música discutiram o potencial de internacionalização da música portuguesa, o responsável por Portugal Maior pediu a palavra para apresentar o projeto e afirmar a necessidade de "todos remarmos ao mesmo tempo com uma estratégia que nunca aconteceu".
"Portugal Maior é uma ferramenta para todos nós, para todas as partes, agentes, 'managers', editoras, representantes, músicos, toda a gente que tem a ver com a música", disse João Gil.
Por opção, o projeto tem tido baixa visibilidade para "não perder o pulso das coisas" e "proteger as partes que interessam".
"Para isto ter sucesso são necessárias muitas parcerias e já fizemos reuniões com a Fundação GDA [Gestão dos Direitos dos Artistas], SPA [Sociedade Portuguesa de Autores], Why Portugal... E há uma grande vontade da AICEP, nas mil ações que tem previstas, equaciarmos, em pelo menos 200, a presença de música", avançou.
Segundo João Gil, há também "abertura da TAP para trabalhar em conjunto", ajudando os músicos "a transportar carga ou levar instrumentos dentro do avião", uma das dificuldades maiores dos artistas no esforço de internacionalização.
O músico avançou ainda que a Portugal Maior vai "criar uma plataforma online, uma app e uma rádio online" para "preservar, divulgar e manter o nosso património tradicional", envolvendo projetos como A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, o espólio de Michel Giacometti, o trabalho dos museus do Fado e do Cavaquinho ou o cante alentejano de Serpa.
A missão pretende constituir "uma rede social para todas as áreas da música", de forma a permitir que "as pessoas falem umas com as outras" e para "juntar portugueses espalhados pelo mundo".
"Estamos perante um problema grave, de afastamento dos portugueses [emigrados] nos nossos concertos", disse em Leiria João Gil.
Os emigrantes e filhos de emigrantes espalhados pelo mundo, "cerca de 20 milhões de pessoas", são "um recurso humano que está por explorar".
Para o coordenador de Portugal Maior, o projeto não deseja fazer "ditaduras de gosto", propondo antes "uma catarse nacional":
"Durante o ano que vem faremos um conjunto de iniciativas para tod a gente 'deitar' tudo cá para fora", concluiu, dirigindo-se aos músicos e agentes presentes na plateia da Why Portugal Music Conference.
Uma resolução do Conselho de Ministros, publicada em 02 de maio em Diário da República, criou a estrutura de missão para o Projeto Meridiano, nome entretanto alterado para Portugal Maior, para “conceber e testar o uso das novas tecnologias e plataformas de informação e comunicação para divulgar as criações, na diplomacia pública e na ação cultural externa”.
A coordenação da estrutura foi entregue ao músico e compositor João Gil.
Na dependência do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a estrutura de tem por objetivo, entre outros, “contribuir para o conhecimento, a salvaguarda e a divulgação do património e da criação musical portuguesa, na pluralidade das suas expressões”.
Além de um inventário dos músicos profissionais portugueses e dos grupos e associações culturais com dimensão musical que tenham atividade regular no estrangeiro e, em particular, "junto das comunidades portuguesas”, será criada e gerida “uma plataforma digital”.
Esta plataforma deverá preservar e divulgar, incluindo através da constituição de uma rádio 'online', esse inventário e facilitar a “comunicação e cooperação entre os músicos e grupos inventariados, assim promovendo o seu trabalho em rede e a sua projeção nacional e internacional”.
O projeto tem ainda por objetivo "a organização e realização de digressões, residências artísticas, espetáculos e outras formas de apresentação pública de tais músicos e grupos, assim permitindo a obtenção de ganhos de escala na promoção das formas e agentes musicais da diáspora portuguesa”.
De acordo com o diploma, o mandato da estrutura termina no final de 2020.
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