Do encanto ao amor, ao ódio, à resignação, à indiferença, o texto de Raquel Cerejo Martins revela que o amor, “como uma iguana”, pode mudar de cor.

“Os contratempos do princípio, as dúvidas e medos pessoais, o preconceito familiar e social. Contada na primeira pessoa do singular, esta é uma história de amor entre duas mulheres das quais, no fim, ficamos sem saber os nomes, mas às quais podemos dar todos nomes”, acrescenta o comunicado.

A dramaturga Cláudia Lucas Chéu, membro do júri desta edição do prémio, e que será a responsável pela encenação da obra, explica que a escolha se deveu essencialmente “à qualidade literária e dramatúrgica do texto”, que fez a autora destacar-se de entre todos os outros candidatos.

“A autora aborda de forma poética e narrativamente sustentada a relação amorosa entre duas mulheres, focando-se na temática do amor e da perda. ‘A Iguana Viúva’ trata o amor entre pessoas do mesmo sexo de uma forma interessante, simples e comovente”, acrescenta.

O Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais é atribuído anualmente e foi criado como incentivo à escrita de textos originais em língua portuguesa, na área do teatro.

Raquel Serejo Martins é economista, com pós-graduações em Direito Penal Económico e Europeu e em Estudos Jurídicos Avançados e inspetora tributária.

Tem em papel os romances “A Solidão dos Inconstantes” (2009) e “Pretérito Perfeito” (2013), cinco livros de poesia - “Aves de incêndio” (2016), “Subúrbios de Veneza” (2017), “Os invencíveis” (2018), “Plantas de interior” (2019), “Silêncio sálico” (2020) - e escreveu a peça de teatro “Preferia estar em Filadélfia” (2019).

A esta 3.ª edição do prémio concorreram 74 textos, que foram apreciadas por um júri constituído por Diogo Infante, Cláudia Lucas Chéu e Maria Carneiro.

O Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais é atribuído a autores de textos inéditos, tem um valor pecuniário de 2.500 euros e pressupõe edição em livro e apresentação do espetáculo no Teatro da Trindade INATEL.

No ano passado, este galardão, que toma o nome do dramaturgo Miguel Rovisco, autor da "Trilogia Portuguesa" e "A História de Tobias", distinguido por duas vezes com o antigo Prémio Garrett, na década de 1980, foi atribuído ao escritor e argumentista Pedro Goulão, pelo texto “Hora de visita”.

A primeira edição do Prémio Miguel Rovisco distinguiu “Os inimigos da liberdade – peça para três escravos”, de Manuel Pureza.