A Academia justificou a escolha de Kazuo Ishiguro, por ser um escritor que, "em romances de grande força emocional, revelou o abismo sob o sentido ilusório de conexão com o mundo".

O escritor britânico de origem japonesa nasceu em Nagasaki, Japão, fixando-se com a família, no Reino Unido, no início da década de 1960. Destacou-se com os primeiros contos, publicados na revista Granta, escreveu para cinema e televisão, é autor de canções. Com "Os Despojos do Dia" venceu o Booker Prize, em 1989.

Kazuo Ishiguro tem sido um escritor a tempo inteiro desde o seu primeiro livro, "A Pale View of Hills" (“As Colinas de Nagasaki”), de 1982, e tanto o seu primeiro romance como o subsequente, “An Artist of the Floating World" (“Um Artista do Mundo Transitório"), de 1986, se passam na cidade japonesa, poucos anos depois da Segunda Guerra Mundial, escreve a academia na página oficial do Facebook.

“Os temas preferidos de Kazuo Ishiguro – memória, tempo e ilusão - já estão presentes nestas duas obras”, mas são particularmente evidentes no seu mais famoso romance, “The Remains of the Day” (“Os Despojos do Dia”), que foi adaptado ao cinema, com Anthony Hopkins a interpretar um mordomo obcecado pelos seus deveres, acrescenta o júri, que publicou igualmente na rede social Twitter.

“A escrita de Kazuo Ishiguro é marcada por uma forma de expressão cuidadosamente restrita, independentemente daquilo que esteja a acontecer. Ao mesmo tempo, a sua ficção mais recente contém elementos fantásticos”, destaca.

Segundo a academia, “com o trabalho distópico 'Never Let Me Go' ('Nunca me deixes'), Ishiguro introduziu uma nota fria de ficção científica no seu trabalho”.

No entanto, tanto neste romance como em muitos outros, é possível encontrar também “influências musicais”, de que é um “exemplo impressionante” a coleção de contos intitulada "Nocturnes: Five Stories of Music and Nightfall" (em Portugal traduzido para “Nocturnos”), no qual “a música desempenha um papel fundamental na representação dos relacionamentos entre as personagens”.

No seu último romance, "The Buried Giant" (“O gigante enterrado”), de 2015, um casal de idosos faz uma viagem por uma velha paisagem inglesa, na esperança de se juntar ao filho, já adulto, que não vê há anos.

Este romance explora ativamente “a forma como a memória se relaciona com o esquecimento, a história com o presente e a fantasia com a realidade”.

Kazuo Ishiguro escreveu oito livros, bem como argumentos para cinema e televisão.

O prémio Nobel da Literatura 2017 foi atribuído ao britânico Kazuo Ishiguro, anunciou hoje a Academia Sueca.

A Academia justificou a escolha de Kazuo Ishiguro, por ser um escritor que, "em romances de grande força emocional, revelou o abismo sob o sentido ilusório de conexão com o mundo".

O escritor britânico de origem japonesa nasceu em Nagasaki, Japão, em 8 de novembro de 1954, fixando-se com a família, no Reino Unido, no início da década de 1960. Destacou-se com os primeiros contos, publicados na revista Granta, escreveu para cinema e televisão, é autor de canções. Com "Os Despojos do Dia" venceu o Booker Prize, em 1989.

Lista completa dos vencedores do Nobel da Literatura:

2017 - Kazuo Ishiguro (Reino Unido)

2016 - Bob Dylan (EUA)

2015 - Svetlana Alexievich (Bielorrússia)

2014 - Patrick Modiano (França)

2013 - Alice Munro (Canadá)

2012 - Mo Yan (China)

2011 - Tomas Transtroemer (Suécia)

2010 - Mario Vargas Llosa (Peru)

2009 - Herta Müller (Alemanha)

2008 - Jean-Marie Gustave Le Clezio (França)

2007 - Doris Lessing (Reino Unido)

2006 - Orhan Pamuk (Turquia)

2005 - Harold Pinter (Reino Unido)

2004 - Elfriede Jelinek (Áustria)

2003 - J.M. Coetzee (África do Sul)

2002 - Imre Kertesz (Hungria)

2001 - V.S. Naipaul (Reino Unido)

2000 - Gao Xingjian (França)

1999 - Günter Grass (Alemanha)

1998 - José Saramago (Portugal)

1997 - Dario Fo (Itália)

1996 - Wislawa Szymborska (Polónia)

1995 - Seamus Heaney (Irlanda)

1994 - Kenzaburo Oe (Japão)

1993 - Toni Morrison (EUA)

1992 - Derek Walcott (Santa Lucia)

1991 - Nadine Gordimer (África do Sul)

1990 - Octavio Paz (México)

1989 - Camilo José Cela (Espanha)

1988 - Naguib Mahfouz (Egito)

1987 - Joseph Brodsky (EUA)

1986 - Wole Soyinka (Nigéria)

1985 - Claude Simon (França)

1984 - Jaroslav Seifert (Checoslováquia)

1983 - William Golding (Reino Unidos)

1982 - Gabriel García Márquez (Colômbia)

1981 - Elias Canetti (Bulgária/Reino Unido)

1980 - Czeslaw Milosz (Polónia)

1979 - Odysseus Elytis (Grécia)

1978 - Isaac Bashevis Singer (EUA)

1977 - Vicente Aleixandre (Espanha)

1976 - Saul Bellow (EUA)

1975 - Eugenio Montale (Itália)

1974 - Eyvind Johnson (Suécia) e Harry Martinson (Suécia)

1973 - Patrick White (Austrália)

1972 - Heinrich Böll (Alemanha)

1971 - Pablo Neruda (Chile)

1970 - Aleksandr Isayevich Solzhenitsyn (Rússia)

1969 - Samuel Beckett (Irlanda)

1968 - Yasunari Kawabata (Japão)

1967 - Miguel Angel Asturias (Guatemala)

1966 - Shmuel Yosef Agnon (Israel) e Nelly Sachs (Alemanha)

1965 - Mikhail Aleksandrovich Sholokhov (Rússia)

1964 - Jean-Paul Sartre (França)

1963 - Giorgos Seferis (Grécia)

1962 - John Steinbeck (EUA)

1961 - Ivo Andric (Jugoslávia)

1960 - Saint-John Perse (França)

1959 - Salvatore Quasimodo (Itália)

1958 - Boris Leonidovich Pasternak (Rússia)

1957 - Albert Camus (França)

1956 - Juan Ramón Jiménez (Espanha)

1955 - Halldór Kiljan Laxness (Islândia)

1954 - Ernest Miller Hemingway (EUA)

1953 - Sir Winston Leonard Spencer Churchill (Reino Unido)

1952 - François Mauriac (França)

1951 - Pär Fabian Lagerkvist (Suécia)

1950 - Earl (Bertrand Arthur William) Russell (Reino Unido)

1949 - William Faulkner (EUA)

1948 - Thomas Stearns Eliot (Reino Unido)

1947 - André Paul Guillaume Gide (França)

1946 - Hermann Hesse (Alemanha)

1945 - Gabriela Mistral (Chile)

1944 - Johannes Vilhelm Jensen (Dinamarca)

1940-43 - Não foi atribuído

1939 - Frans Eemil Sillanpää (Finlândia)

1938 - Pearl Buck (EUA)

1937 - Roger Martin du Gard (França)

1936 - Eugene Gladstone O'Neill (EUA)

1935 - Não foi atribuído

1934 - Luigi Pirandello (Itália)

1933 - Ivan Alekseyevich Bunin (Rússia)

1932 - John Galsworthy (Reino Unido)

1931 - Erik Axel Karlfeldt (Suécia)

1930 - Sinclair Lewis (Estados Unidos da América)

1929 - Thomas Mann (Alemanha)

1928 - Sigrid Undset (Noruega)

1927 - Henri Bergson (França)

1926 - Grazia Deledda (Itália)

1925 - George Bernard Shaw (Irlanda)

1924 - Wladyslaw Stanislaw Reymont (Polónia)

1923 - William Butler Yeats (Irlanda)

1922 - Jacinto Benavente (Espanha)

1921 - Anatole France (França)

1920 - Knut Pedersen Hamsun (Noruega)

1919 - Carl Friedrich Georg Spitteler (Suíça)

1918 - Não foi atribuído

1917 - Karl Adolph Gjellerup (Dinamarca) e Henrik Pontoppidan (Dinamarca)

1916 - Carl Gustaf Verner von Heidenstam (Suécia)

1915 - Romain Rolland (França)

1914 - Não foi atribuído

1913 - Rabindranath Tagore (Índia)

1912 - Gerhart Johann Robert Hauptmann (Alemanha)

1911 - Maurice Maeterlinck (Bélgica)

1910 - Paul Johann Ludwig Heyse (Alemanha)

1909 - Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf (Suécia)

1908 - Rudolf Christoph Eucken (Alemanha)

1907 - Rudyard Kipling (Reino Unido)

1906 - Giosuè Carducci (Itália)

1905 - Henryk Sienkiewicz (Polónia)

1904 - Frédéric Mistral (França) e José Echegaray y Eizaguirre (Espanha)

1903 - Bjørnstjerne Martinus Bjørnson (Noruega)

1902 - Christian Matthias Theodor Mommsen (Alemanha)

1901 - Sully Prudhomme (França)

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.