“Pessoalmente não sou capaz de julgar a justeza” dos motivos da homenagem, disse a escritora natural de Boliqueime, concelho de Loulé, acrescentando: “sei que sempre me mantive fiel a esta terra”.

Defensora de que a cultura e a literatura são ferramentas fundamentais na formação de cidadãos mais ativos e responsáveis e para o desenvolvimento dos países, Lídia Jorge não escondeu a sua preocupação com a iliteracia e a falta de hábitos de leitura em Portugal.

A cerimónia decorreu no Cineteatro Louletano perante vários representantes de várias áreas concelhios e regionais e de muitos conterrâneos.

“Cidadania é isto. Cidadania cultural é estarmos aqui neste encontro” referiu o Presidente da República durante o seu discurso concluindo estar num momento de plenitude da participação na vida na comunidade porque mostrou a importância da cultura que é transversal.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou a sensibilidade de Lídia Jorge e a forma única como consegue contar histórias que incentivam à reflexão sobre a sociedade, sobre as culturas e tradições, sobre as mulheres e também sobre as suas raízes e a sua terra natal.

Apontando para a primeira obra publicada de Lídia Jorge, “O Dia dos Prodígios” (1980), que se tornou numa obra emblemática da literatura portuguesa pós-revolução, o Presidente da República sublinhou um desvendar de um Algarve diferente.

“Não é um Algarve turístico e cosmopolita, mas um Algarve das raízes, aldeão, desconhecido, ancestral, misterioso, percorrido por vozes e histórias de gente que espera milagres e que acaba por viver quotidianamente milagres”, contou.

O presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vitor Aleixo, justificou esta homenagem à escritora dizendo que se Loulé não fizesse esta homenagem não era merecedor do valor humano que se reconhece em Lídia Jorge e da sua obra repleta de um universo de “personagens que nos obrigam a pensar”.

Natural de Boliqueime, Lídia Jorge tem vindo a afirmar-se como nome incontornável da Literatura Portuguesa e já mereceu várias distinções e homenagens nacionais e internacionais ao longo da sua carreira como é o caso do Prémio da Latinidade e o Prémio Vergílio Ferreira de 2015.

Em 2006, a escritora venceu a primeira edição do prestigiado prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass e, em 2015, o Grande Prémio Luso-Espanhol de Cultura.