Na página oficial da iniciativa - oriunda da sociedade civil, com coprodução EGEAC/Produtores Associados e inserida no programa "Abril em Lisboa" - os próprios organizadores explicam "porquê mais um Festival", considerando que "a abstenção é o elefante no meio da sala do debate político de um país repleto de eleitores desinteressados e de políticos assustados com o pulsar da opinião pública".

"Há uma frase repetida em todas as noites eleitorais. Perante os números da abstenção, os políticos garantem que vão refletir sobre o que leva uma parte significativa dos portugueses a afastarem-se da participação da vida pública", destacam.

Do programa fazem parte iniciativas - gratuitas e abertas ao público - como debates, 'workshops', filmes, arte, atividades para crianças -, para além de uma campanha de publicidade que pretende trazer o tema para a discussão pública.

O Festival Política, que tem como objetivo "combater a apatia cívica", vai recolher "ideias exequíveis para combater a abstenção", propostas que, juntamente com as principais conclusões dos debates, vão ser entregues aos grupos parlamentares e partidos portugueses.

Na sexta-feira, os representantes dos sete partidos com assento parlamentar participam no "Cara a Cara com deputados", um encontro entre os cidadãos e parlamentares, nos quais, durante cinco minutos, os participantes inscritos conversam com os representantes de PSD (Sérgio Azevedo), PS (Isabel Moreira), BE (Mariana Mortágua), CDS-PP (Ana Rita Bessa), PCP (Rita Rato), PEV (Heloísa Apolónia) e PAN (André Silva).

No sábado de manhã decorre o ‘atelier’ infantil "Como se faz uma bandeira" - da responsabilidade do serviço educativo do Museu da Presidência da República - que tem como objetivo dar a conhecer aos mais novos os símbolos nacionais, a bandeira e o hino, motivando assim "uma reflexão em torno da identidade nacional".

Da sétima arte, destaque para a estreia europeia do filme argentino "Aristides de Sousa Mendes - un hombre bueno", de Victor Lopes, estando depois agendada uma conversa com o realizador, enquanto na sexta-feira os interessados poderão ver a estreia nacional de "Techo y Comida", do espanhol Juan Miguel de Castillo, e do filme brasileiro "Ressurgentes", de Dácia Ibiapina.

De acordo com a organização, estão ainda agendados debates sobre "Como combater a Abstenção", "Qual o é o papel do jornalismo independente na democracia", e 'workshops' que passam por temáticas como "Civic Tech: Como juntar pessoas à volta da informação pública" e "Democracia adicta - os vícios da governação".

Segundo um dos organizadores do Festival Política Rui Oliveira Marques "o crescimento da abstenção é o reflexo de um país repleto de eleitores desinteressados", sendo o objetivo desta iniciativa "promover o interesse da sociedade civil, envolvendo-a na discussão, de maneira a que esta lute pelos seus direitos de forma ativa, dando voz a inquietações de ordem política e expondo resoluções", uma vez que considera que "quem não participa nunca tem razão".

"É a primeira vez que se realiza em Portugal um festival com estas características, que junta política, artes e filmes. Na verdade é um modelo de festival que existe há décadas, principalmente na Escandinávia, Itália e Reino Unido", completa Bárbara Rosa, outra das organizadoras.