Este espetáculo dos Artistas Unidos, que vai estar em cena até ao dia 7 de novembro, tem na base cinco monólogos, lidos por Américo Silva e Vânia Rodrigues, sobre vidas definidas pelas características de determinadas divisões, fazendo deste trabalho teatral parte instalação, parte poema em prosa, segundo um comunicado do grupo de teatro.

A partir de um espetáculo criado em 2012 e que intitulou “Quarto 303”, Enda Walsh tem vindo a escrever vários “Quartos” apresentados como instalações teatrais quer no Festival de Galway quer em Nova Iorque.

“Apresentamo-los agora aqui, neste pós-confinamento, a mesma palavra luxuriante, herdeira de Beckett ou Joyce, a mesma claustrofobia (como em ‘Acamarrados’ ou ‘A Farsa da Rua W’), um mundo pobre de onde não se consegue escapar, e, no entanto, há quem se tenha escapado. Um autor maior, um teatro singular”, afirma, no comunicado, Jorge Silva Melo.

Neste espetáculo, o público é dividido em grupos e convidado a explorar cinco divisões diferentes, observando, espreitando, mexendo, satisfazendo o prazer de “bisbilhotar” os espaços alheios.

Esta ideia nasceu do gosto que o dramaturgo Enda Walsh sente desde pequeno em explorar divisões, como se tivessem vida própria, sentindo a energia que flui no seu interior, lendo no silêncio o que ali acabou de acontecer, esperando que o quarto fale com ele e revele os seus segredos, segundo um comunicado dos Artistas Unidos.

“Quando era criança (digamos com 6 anos) era muito bom a ler a atmosfera de uma divisão, com ou sem pessoas. Os traços de uma discussão terrível que acabara há meia hora, eram ainda visíveis para mim no ar entre os meus pais enquanto viam TV. E ficava também eletricidade estática no quarto das traseiras, produzida pelo meu irmão mais velho e as suas muitas namoradas. Quando o meu pai estava no trabalho, sentava-me sozinho no quarto da frente da casa e sentia a sua ansiedade, sentia o seu stress diário a partir da ‘sua cadeira’”, conta Enda Walsh.

O dramaturgo explica que numa casa de oito pessoas - como era o seu caso - há uma “quantidade magnífica de barulho e trânsito e drama”, mas quando se recorda da sua infância, o que mais lhe ocorre são quartos vazios, “lugares naturezas-mortas onde algo acabou de acontecer”.

Já mais velho, e até hoje, confessa que gosta de estar sozinho num quarto onde nunca esteve antes, a escutar o silêncio e a olhar para as coisas, sentir a sua atmosfera e imaginar as suas histórias.

“Ao sentar-me ali, quero que o quarto fale comigo e me conte os seus segredos”, acrescenta.

“Quartos” engloba “Quarto 303”, “Quarto de Menina”, “Cozinha”, “Casa de Banho” e “Escritório 33A”.

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