O livro tem como objetivo "mostrar como Stuart [Carvalhais] foi, entre muitos, um importante contribuidor para a feitura da obra coletiva e centenária de A Batalha", escreveu António Baião, do Centro de Ética, Política e Sociedade, da Universidade do Minho, no prefácio.

Stuart Carvalhais, cartoonista, pintor, cenógrafo, um dos fundadores da banda desenhada portuguesa, fez desenho humorístico para várias publicações no começo do século XX, em Portugal e em França, nomeadamente n'O Século, A Sátira, Pages Folles, Papagaio Real, Diário de Notícias e A Choldra.

Na década de 1920, uma das mais produtivas para o autor, colaborou também com A Batalha, o órgão oficial da antiga Confederação Geral do Trabalho (CGT) que, cem anos depois da sua fundação, se assume hoje como um "jornal de expressão anarquista".

No jornal e no Suplemento Literário e Ilustrado d'A Batalha, Stuart Carvalhais publicou 66 desenhos, cartoons e trabalhos gráficos.

"Stuart foi um fura-vidas, que provavelmente viu nas publicações de A Batalha uma forma de se sustentar a si e à sua família e também um conjunto de jornais e revistas que seriam a casa natural para receber o seu golpe de vista impressionista sobre a desigualdade, a exploração infantil, o desemprego, a fome, a crise da habitação, a mendicidade, a prostituição e a questão feminina", afirma António Baião no prefácio.

"Renda barata e outros cartoons de Stuart Carvalhais n'A Batalha", uma edição conjunta do jornal A Batalha com a editora Chili Com Carne, será apresentado na terça-feira pelo desenhador Nuno Saraiva na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, no âmbito de um colóquio dedicado ao centenário da fundação do jornal.

No mesmo local está patente uma exposição dedicada à efeméride e que reúne jornais, panfletos e fotografias, entre outros objetos, na maioria provenientes do Arquivo Histórico-Social.

A exposição pretende "assinalar um jornal com uma vida tumultuosa e singular que, nos anos 1920 [foi fundado em fevereiro de 1919], chegou a ser considerado o diário de terceira maior tiragem do país", explicou à agência Lusa João Freire, um dos curadores.

"Não se sabe exatamente se assim foi, mas era um diário de grande importância e feito numa base do amadorismo, do voluntariado, da militância desses homens e algumas mulheres que criaram e desenvolveram os sindicatos agrupados na CGT", disse João Freire, professor aposentado do ISCTE, que esteve na fundação do Arquivo Histórico-Social e continua a realizar investigação nas suas áreas de trabalho.

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