Na sua biografia resumida, Richard Strange afirma que já foi "roubado pelos Sex Pistols", já cozinhou esparguete com Sophia Loren, pagou aos Depeche Mode 15 libras por meia hora de atuação no seu Cabaret Futura, no Soho londrino, e destruiu uma galeria de arte com o ator Jack Nicholson.
Na terça-feira, o fundador dos Doctors of Madness, banda ‘protopunk' dos anos 1970, atua no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, e, no dia 14, apresenta-se no Círculo Católico de Operários Do Porto (CCOP). Pelo meio, ainda dará uma conferência, na sexta-feira, no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, entidade responsável pela vinda do músico a Portugal.
"Richard Strange foi um precursor do punk. É considerado o elo perdido entre o glam e o punk e tem um trabalho não só importante pelo que fez como músico, mas também pelo que permitiu que acontecesse. Criou o Cabaret Futura, onde se estrearam grupos como Depeche Mode, e com os Doctors of Madness teve como banda de suporte os New Order. Mais recentemente, fez uma curadoria na Tate Britain e tem tido várias participações no cinema", disse à agência Lusa o diretor do Colégio das Artes, António Olaio, considerando este músico "a personagem charneira" entre tudo o que ia surgindo na cultura londrina nos anos 1970 e 1980.
Na segunda vez que Richard Strange se desloca a Coimbra, a convite do Colégio das Artes, o músico apresenta o espetáculo "An Accent Waiting to Happen", um percurso pela carreira de mais de 30 anos do músico britânico, com muita história e "mexericos" à mistura.
"Vem a solo, só com a guitarra, e vai-se ter acesso ao que fez e por onde andou. Ele é um contador de histórias, um conversador e tem um caminho muito rico. Percorreu todo esse caminho do início da música contemporânea popular e é uma personagem, por si só, brilhante", frisou António Olaio, que participou, juntamente com o músico João Taborda, no concerto de regresso dos Doctors of Madness, em 2017, em Londres.
Para além do trabalho como músico, Richard Strange tem várias participações no cinema e assume-se também como curador, jornalista e escritor, tendo editado as suas memórias em 2005, sob o título "Strange: Punks and Drunks and Flicks and Kicks".
Ao longo da vida, trabalhou com artistas como Tom Waits, Marianne Faithfull, William Burroughs e Damon Albarn.
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