“Uma vibração responde à tensão do movimento e nasce o som”, afirma a organização do ciclo, num comunicado enviado à agência Lusa, acrescentando que a corda está presente desde a guitarra portuguesa ao cavaquinho, violino, alaúde ou berimbau, e “vai ser o principal artista no palco do B.Leza”.
“Os instrumentos de cordas são um meio de comunicação que une Portugal a Cabo Verde, emblemáticos na cultura dos dois países, que, tal como na língua portuguesa, têm os seus trejeitos e sotaques, mas no fim todos se entendem, a cantar e dançar”, segundo a mesma fonte, referindo que a “corda acompanha a humanidade desde a Mesopotâmia”.
O concerto inaugural, no dia 25, às 22:00, é protagonizado pelo músico de Cabo Verde Bau, que convida Rui Veloso, e segue-se no dia 8 de fevereiro Júlio Pereira, que convida Jon Luz.
Bau, de seu nome de registo Rufino Almeida, de 55 anos, é multi-instrumentista de Cabo Verde, apontado pela crítica musical como “o mago da corda”. É natural de São Vicente e um autodidata, que começou a aprender a tocar cavaquinho aos sete anos.
O músico constrói os seus próprios instrumentos, cavaquinho, violino e guitarra de dez cordas, instrumentos que constituem o seu universo musical, com base nas suas raízes, primeiro ligado às origens cabo-verdianas.
Bau assina, entre outras, a composição “Raquel”, canção do filme “Hable con Ella”, de Pedro Almodóvar, e foi diretor musical de Cesária Évora (1941-2011).
O músico constituiu a banda Gaiatos, com Tito Paris e Biús, e esta será a sua quarta atuação naquela sala lisboeta.
Rui Veloso, apontado como “o pai do rock português”, já partilhou palco com vários instrumentistas, entre os quais B. B. King (1925-2015), de quem afirmou à Lusa ser um confesso admirador.
Júlio Pereira, que toca em fevereiro, acompanhou músicos como José Afonso, dedicou o seu primeiro álbum em nome próprio ao cavaquinho, cordofone popular minhoto. No ano passado, foi distinguido com o Prémio Pedro Osório 2018 da Sociedade Portuguesa de Autores.
Júlio Pereira aprendeu a tocar bandolim aos sete anos e fez parte da banda de rock progressivo Petrus Castrus.
“Braguesa”, “Os Sete Instrumentos” ou “Janelas Verdes” são alguns dos álbuns, aos quais se junta o mais recente, “Praça do Comércio” (2017).
Jon Luz toca viola, compõe canções e tem acompanhado nomes como António Zambujo, Ana Moura, Roberta Sá ou Sara Tavares.
Natural da ilha de Santo Antão, o músico que fez parte da banda de Cesária Évora, tem vários álbuns em nome próprio, nomeadamente, “Farrope d’Poesia”.
O espaço B.Leza, ao Cais do Sodré, em Lisboa, abriu portas em 1995, e visa homenagear o poeta e compositor cabo-verdiano Francisco Xavier da Cruz (1905-1958), mais conhecido como B.Leza.
O espaço foi declarado pela Câmara de Lisboa como de “interesse cultural relevante”.
Pelo seu palco já passaram nomes como a Ala dos Namorados, Ildo Lobo, Tubarões, Tito Paris, Jorge Palma, Dany Silva, Bana, Sara Tavares, Cesária Évora, Rodrigo Leão, Cool Hipnoise, Bonga, Ada de Castro e Rita Gordo, entre outros.
Foto: Tiago David
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