Nascido em 1992 João Batista Coelho não sabe como o disco será recebido pela crítica e pelo público, até porque “o ano ainda vai no início”, mas tem uma certeza: está satisfeito com o trabalho final.

“Estou muito contente com o disco, superou as minhas expectativas”, contou em entrevista à Lusa, revelando que o tempo que passou a fazê-lo “foi tempo muito bem passado”. “Já estou contente, o resto são extras a partir de agora”, disse.

“The Art of Slowing Down” é um disco “muito pessoal”, onde o músico e produtor “deita coisas cá para fora”. Está lá o “Sado”, da Setúbal onde nasceu e viveu até aos oito anos, a “Casa”, que “é em todo o lado” e “é o mundo inteiro”, onde há fado e semba, já que é filho de pai angolano e mãe portuguesa, ou a “Vida Boa” que quer ter em vez de uma boa vida.

“Naturalmente introvertido”, Slow J “lia muito quando era miúdo” e foi também nessa altura que começou a “tentar escrever poesia e fazer parecido com as coisas que lia”. “Foi desse interesse inicial e [de] ter começado a escrever para fazer música que criei isto”, partilhou.

A música chegou um pouco mais tarde, através de “amigos mais velhos que tocavam guitarra”. Na escola fez parte de duas bandas, uma de punk-rock e outra de metal.

A produção de música “de uma forma eletrónica mais digital” começou com “uma pedaleira digital que ligava ao computador”.

“Depois de a ter recebido é que percebi como é que podias fazer música dentro do computador e aí percebi que podia gravar mais do que a guitarra, podia fazer a música toda lá dentro”, disse.

A música que faz é “um bolo de influências”. No álbum, que começou a ser criado há quase dois anos, “pode ver-se influências desde do semba, música africana ao rock, metal".

"Identifico-me um bocado com Imagine Dragons, Da Weasel, Valete e Sam The Kid, mas também adoro o Manuel Cruz, por exemplo”, afirmou.

O movimento hip-hop adotou-o, mas ele prefere ser “uma ponte” do que estar fechado numa gaveta.

“Quero que com o meu disco os ouvintes de hip-hop, pessoas que só ouvem hip-hop consigam abrir mais os ouvidos. Que os que ouvirem e gostarem [do meu disco] descubram um Chet Faker ou James Blake. E que os ouvintes de Chet Faker e James Blake a quem não entra hip-hop de repente descubram Slow J e consigam chegar ali”, explicou.

Depois de editar o primeiro EP, “The Free Food Tape” em 2015, deu “poucos concertos, uns sete ou oito”, incluindo três em festivais de verão. O primeiro concerto já com o álbum editado acontece na sexta-feira, no Estúdio Time Out, no Mercado da Ribeira, em Lisboa.

“Quando subo ao palco a maioria das pessoas não conhece as minhas músicas. O desafio é conquistar os fãs naquele momento, música a música. [Na sexta-feira] queria replicar essa experiência, se lançasse o disco antes haveria mais pessoas a saber as letras. Vai ser interessante a experiência de as pessoas estarem a contactar com o disco pela primeira vez”, disse.