O espetáculo é habitado por “personagens insólitas, de olhares ausentes e alucinados, onde o humor e o absurdo se fundem” para mais uma experiência com marionetas.
A celebrar 35 anos de “uma vida intensa” da companhia, a sua diretora artística, a coreógrafa Isabel Barros, disse à Lusa que haverá ao longo do ano reposição de peças em vários lugares da cidade, nomeadamente no Rivoli, Quinta de Bonjóia e Teatro Helena Sá e Costa, mas “o ponto alto” desta programação acontecerá um outubro com a estreia da peça “Armazém 88”.
A estrear no Festival Internacional de Marionetas do Porto, a peça, cujo título faz referência ao ano da fundação das Marionetas do Porto, é um espetáculo do coletivo e com vários artistas convidados.
Essa criação envolve “uma dimensão grande, vamos revisitar alguns espetáculos anteriores, algumas peças emblemáticas e será esse um momento importante”, disse Isabel Barros.
Será uma criação de raiz que “liga o passado e que também aponta para o futuro, porque será um laboratório de experimentação como é habitual nas nossas criações”, sublinhou.
“No fundo, vamos ao armazém, vamos mexer em todo o acervo que está criado, que é muito rico e muito diverso, e vamos revisitar as peças mais emblemáticas. Será uma nova criação, de certeza surpreendente, pelo menos é isso que se espera”, disse Isabel Barros.
No balanço do percurso do Teatro das Marionetas do Porto “nunca poderá faltar a referência ao seu fundador, João Paulo Seara Cardoso (falecido em 2010), a todas as suas magníficas obras, criadas durante as primeiras duas décadas”, mas a responsável destacou, também, “a abertura do Museu das Marionetas do Porto, em 2013, e a forte ligação da companhia à sua cidade e comunidade, através do trabalho social, que desenvolve através do Polo das Marionetas/Quinta de Bonjóia.”
“Nessa breve história, desta já longa vida, é de destacar ainda a experimentação e a inovação no trabalho do coletivo, formado pela equipa permanente. Deste percurso cujo centro é a criação, muitos são os artistas e colaboradores convidados, que com a equipa têm participado na construção do universo das Marionetas do Porto, marcado pela multidisciplinaridade”, acrescentou.
É, para Isabel Barros, “um trabalho que nunca se esgota e que tem sido de uma reinvenção extraordinária, não era fácil depois de João Paulo ter falecido e dum trabalho tão forte como foi o seu, que era de facto um mestre no teatro e no teatro de Marionetas”.
“Mas conseguimos continuar um projeto e renová-lo e acrescentar e transformar e, portanto, há aqui uma grande vitalidade dentro de um projeto com 35 anos”.
Embora trabalhasse na coreografia e movimento desde 1993, quando João Paulo Seara Cardoso - seu companheiro - morreu, Isabel Barros assumiu a direção artística, há 13 anos.
“Nestes treze anos, abrimos o museu, que celebra também o seu 10º aniversário, o polo na Quinta de Bonjóia e introduzimos um novo lado importante de criação coletiva da equipa. Somos nove a trabalhar a tempo inteiro, com imensos colaboradores, que não estão no momento de criação, mas que são chamados”, disse.
Contudo, neste percurso, houve também momentos difíceis: “Sofremos com a mudança da Rua das Flores para a Rua de Belmonte, uma grande quebra na pandemia, tivemos de parar e tivemos de recorrer a tudo o que era possível de ajudas, reinventando-nos, enquanto artistas, enquanto equipa, mas temos conseguido avançar de forma equilibrada”.
Na programação do primeiro trimestre deste ano destaca-se ainda o espetáculo “Frágil”, a criação artística que a companhia levará à cena no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, entre os dias 23 e 26 de março.
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