O anúncio foi feito hoje, em conferência de imprensa, pela diretora do Teatro Viriato, Paula Garcia, que explicou o porquê na mudança da estratégia ao nível dos artistas residentes.

Nos últimos três anos, o Teatro Viriato teve, anualmente, um artista residente.

“Decidimos que um ano era pouco e que poderíamos prolongar a estadia do artista residente - um artista de fora da cidade, que é convidado a olhar para a cidade, para estar connosco -, e projetámos esta relação a quatro anos”, avançou, considerando que assim se conseguirá “uma relação muito mais consequente para todos”.

Outra mudança foi, ao invés de ter apenas um artista residente, passar a acolher três, acrescentou.

Segundo Paula Garcia, João Fiadeiro, coreógrafo da geração que deu origem à Nova Dança Portuguesa, vai estar mais dedicado à dança contemporânea e ao pensamento.

“Vai estar connosco muito numa relação de discussão, de propostas para a comunidade, muito próxima eventualmente até com a academia, com as escolas”, explicou.

Joana Craveiro, diretora artística do Teatro do Vestido, vai “trabalhar sobre a identidade e a memória da cidade”, enquanto Henrique Amoedo vai dar continuidade a um projeto em curso de dança inclusiva e criar em Viseu o primeiro núcleo do grupo Dançando com a Diferença (da Madeira), do qual é fundador e diretor, acrescentou.

Paula Garcia anunciou que, no próximo trimestre, vai ter início o ciclo "Noite Fora", que envolve os artistas associados do Teatro Viriato, ou seja, artistas residentes em Viseu que têm uma relação muito próxima e trabalham em coprodução com esta estrutura cultural.

Sónia Barbosa, Jorge Fraga e Guilherme Gomes são alguns dos artistas que vão participar no "Noite Fora", que consiste na organização de encontros abertos ao público para a leitura em voz alta de textos literários.

“É um projeto que vai estar connosco nos próximos quatro anos e onde vão surgir, em cada edição, encenadores ou atores que são convidados a escolher um texto para, em conjunto com o público, ler, num formato muito acolhedor”, explicou.

Nos próximos quatro anos, o Teatro Viriato pretende também ter uma relação muito próxima com as universidades do país, convidando criadores nacionais que têm teses de doutoramento a partilhá-las com o público.

“No fundo, é partilhar toda a investigação no domínio artístico. São bastantes os doutoramentos feitos no país em várias universidades, e gostaríamos de os trazer a público e também ter momentos de discussão entre o artista e o público”, referiu Paula Garcia, que está apostada em trabalhar “a área do pensamento, mas sempre numa relação muito aberta de discussão”.

A diretora do Teatro Viriato avançou ainda que outra novidade será passar a “convidar pessoas de Viseu para dirigirem conversas com artistas” o que, neste primeiro trimestre de 2018, acontecerá em dois momentos de música.

“Vamos começar, logo no início da temporada, com Júlio Pereira, para o qual convidamos o João Luís Oliva, uma pessoa que há muitos anos acompanha o seu trabalho”, referiu, acrescentando que depois haverá também uma conversa com músicos da banda Mão Morta, dirigida pela associação Fora de Rebanho.

Paula Garcia frisou que o projeto do Teatro Viriato é pensado “sempre numa relação estreita com a cidade, não só em termos de público”, mas também colocando Viseu como uma que “é bastante cúmplice na montagem da oferta”.