Clara de Sousa estava na RTP quando assistiu ao arranque da SIC, a 6 de Outubro de 1992. Pouco tempo depois mudou-se para a TVI, canal onde esteve mais 4 anos, e logo depois aceitou o convite para entrar na equipa de Carnaxide. No canal de Francisco Pinto Balsemão permanece há uma década. Numa viagem ao passado, a pivô do «Jornal da Noite» revela a SapoTV o que lhe vai na alma.

A SIC é para si uma segunda casa?

Estou há 10 anos na SIC. Já bati o meu recorde de permanência numa estação de televisão. Na TVI estive quatro anos, na RTP estive 3 e na SIC já são 10. É muito tempo.

Lembra-se no dia em que a SIC arrancou?

Lembro-me muito bem. Foi uma sensação estranha porque estava habituada há muitos anos à imagem da RTP e de repente aparece algo com mais força, com mais impacto, mais cor, mais luz. Só aí percebemos como a RTP era tão cinzenta, mas é claro que agora já mudou. Mas nessa altura aqueles azuis puxavam para o cinzento. A SIC rompeu com os amarelos e vermelhos e com uma pujança fora de série. A Alberta Marques Fernandes cheia de força e os programas cheios de energia...

Como espectadora, que programas da SIC guarda na memória?

Houve um programa, em particular, que me marcou e que eu acompanhava. Foi o «Chuva de Estrelas». Penso que todos nós gostávamos daquele programa. Íamos a qualquer lado e toda a gente falava no «Chuva de Estrelas». Nessa altura estava na TVI, porque a SIC arrancou em Outubro e eu comecei em Fevereiro na TVI. Mas obviamente, estava atenta ao trabalho que a SIC estava a desenvolver. Depois, houve uma série de programas que tiveram imenso impacto, até porque era tudo novo. Não era espectadora do «Big Show SIC», mas havia muita gente que era e eu compreendo, porque aquilo era alegre e despreocupado.

Nos seus 10 anos de SIC, qual o momento mais marcante?

Houve vários, não consigo escolher nenhum em particular. Consigo eleger um momento importante para mim, de grande responsabilidade, que foi o arranque da SIC Notícias. Foi por isso que fui para a SIC. Aqueles primeiros meses de entrega absoluta foram muito desgastantes mas muito compensadores.

E a notícia que mais a marcou?

Foram tantas! O 11 de Setembro, a queda da ponte de Entre-os-Rios, a morte de alguém que conhecia, pessoas que nos são próximas e que estão connosco a trabalhar...

A SIC está como devia estar?

A SIC precisa de manter a energia que sempre teve e as pessoas que se unem nos momentos mais decisivos e mostram aquilo que têm de melhor. A força da SIC não é só a sua marca mas é, sobretudo, uma marca que é construída pelas pessoas que lá estão. E isso é o mais importante. A SIC só não está como devia porque o país também não está como devia estar. É uma televisão que depende de receitas de publicidade, porque não tem subsídios do Estado para sobreviver. Obviamente, a SIC poderia estar muito melhor, se o mercado de publicidade estivesse mais pujante. A SIC está como é possível, devido às circunstâncias do país em que vivemos. Circunstâncias de contenção que também nós sentimos, mas sem que isso seja um desalento para nós.

A Clara é um dos rostos de peso na Informação Nacional. O que é que ainda lhe falta fazer?

Nada. Não me falta nada. Quero continuar a fazer aquilo que faço e sei fazer melhor. O «Jornal da Noite» é um desafio permanente. Temos os debates eleitorais, temos entrevistas importantes, mas tudo isso faz parte do nosso dia-a-dia. Esse é o maior desafio porque, quando entro para o «Jornal da Noite', tenho um alinhamento mas, no fundo, não sei o que vai acontecer. Temos que estar sempre preparados para qualquer eventualidade.

(Entrevista: Joana Côrte-Real)