"Estamos a acompanhar jovens que tentam chegar à maturidade apesar de todas as suas falhas", diz Harry Lawtey ao SAPO Mag numa entrevista virtual por Zoom.

O ator britânico, que interpreta Robert Spearing em "Industry", é um dos nomes que regressaram para a segunda temporada da aposta da HBO Max, estreada a 2 de agosto na plataforma de streaming.

"É uma série sobre um mundo que a maioria das pessoas não conhece, mas temos de garantir que o nosso retrato é autêntico, até porque foi escrito por pessoas que já viveram nele", explica, referindo-se aos criadores do drama, Mickey Down e Konrad Kay.

O mundo em questão é o dos bastidores financeiros, aqui percorridos através da imersão no quotidiano de quatro jovens adultos no banco internacional Pierpoint & Co, em Londres. Robert é um deles e viveu um percurso tão atribulado como o dos colegas na primeira temporada. No caso, devido a um contacto extremo e continuado com drogas.

Industry
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"Acho que ele tem problemas de confiança que ainda não encarou. E as drogas ajudam-no a ser a pessoa que ele gostaria: carismática, exuberante, confiante. É um escudo para a o tipo de pessoa vulnerável que acho que ele é, no fundo", aponta o ator.

"O interessante é tentar perceber porque é que ele que faz isso e o que é que isso diz dele, o que diz de algo que está em falta na sua vida", acrescenta, mas com uma ressalva: "Não estou a dizer que qualquer pessoa que use drogas precise de ajuda, nada disso".

Através de Robert, Harry consegue, como outros atores principais de "Industry" (caso de Myha'la Herrold e Marisa Abela, com quem o SAPO Mag também falou), ter na série o seu primeiro papel regular depois de participações em "Marcella" ou "Chuggington". E agradece a "jornada incrível" que tem feito "em busca das motivações da personagem e do que ela quer das outras pessoas".

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"Fazer uma série assim foi tudo o que acredito que representar deveria ser"

David Jonsson, que encarna Augustus "Gus" Sackey, amigo e colega de apartamento de Robert, também não esconde o entusiasmo com a sua personagem. "Fazer uma série assim foi tudo o que acredito que representar deveria ser: afastar-me o mais possível de mim e mergulhar de forma urgente e honesta numa figura única. (...) O mundo da banca está muito distante do meu, e poder entrar nele através do Gus, um jovem negro e gay, é tremendo".

Embora Gus tenha abandonado os escritórios da Pierpoint & Co no final da primeira temporada, a sua presença nos oito novos episódios está garantida, mesmo que se tenha ficado por uma breve aparição no arranque. "O Gus debate-se com a pessoa que é em vez da pessoa que pensava ser. Na segunda temporada já não está no banco e tem de confrontar-se com o mundo real e com ele próprio", sublinha o britânico, recordando que as reações positivas ao seu desempenho.

"O que mais me tocou na primeira temporada foi ter pessoas a dizer-me 'Sou jovem, negro e gay e sinto-me inteiramente representado por ti". Outras disseram: "Tive uma vida assim. Não vale a pena", confessa entre risos o ator que já tinha passado por séries como "Deep State" ou "Endeavour".

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"Uma série sobre jovens que tentam ter sucesso enquanto tentam descobrir quem são"

"Queremos fazer uma série que represente as pessoas retratadas, mas que também seja para toda a gente", assinala Harry Lawtey. "Tivemos muitas reações de bancários que encontram aqui pontos de contacto e que gostaram muito de algumas referências da série. Mas mais do que bancários, julgo que esta é uma série sobre o local de trabalho, a dinâmica do escritório, e isso pode adaptar-se a uma grande diversidade de áreas", sublinhando "reações de pessoas que não trabalham na área da banca mas que se identificaram".

O ator olha para "Industry" como "uma série sobre jovens que tentam ter sucesso enquanto tentam descobrir quem são". E na segunda temporada, "estas pessoas já experimentaram algum sucesso, têm uma noção mais concreta de quem são, e estão a tentar perceber se esses dois elementos são compatíveis, se conseguem ser fiéis a eles próprios e continuar a ter sucesso", avança.

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"O que mais me estimula nesta série é sentir que estamos a espreitar um mundo que não era suposto vermos", refere David Jonsson. "E na segunda temporada, o Gus vê esse mundo de fora, mas é um mundo ao qual julgava que devia pertencer, por isso tenta entender o que isso significa para ele. E começa a explorar outros interesses".

Harry Lawtey também garante que a versão da sua personagem na segunda temporada "é muito diferente" da que conhecemos na primeira. "O Robert aprendeu muito sobre ele próprio, está sóbrio, não anda sempre metido em festas e loucuras como na primeira temporada, mostra traços de personalidade mais genuínos. Mas enfrente uma crise de confiança e tenta perceber se consegue manter-se focado e fazer o seu trabalho. Caso contrário, talvez esteja no sítio errado".