Baseado num texto original de Frederico Pombares, Henrique Dias e Roberto Pereira, «A Casa da Fama», o novo espetáculo da Casa do Artista, recria um reality-show a que concorrem Bocage, Amália Rodrigues ou Maria Calas, entre muitos outros.

Em palco Mané Ribeiro é Lady Di, loura burra e ninfomaníaca, Ana Brito e Cunha é a padeira de Aljubarrota, lésbica assanhada, e João Baião, Luís Vaz de Camões, fã de Beyoncé e de salsa. Vale a pena ir ao Teatro Armando Cortez dar umas gargalhadas.

É ator e encenador de A Casa da Fama. Que peça é esta?
É uma ideia minha e surgiu quando o Nuno Santos ainda era diretor de programas da RTP. Cheguei a apresentar-lhe este projeto, de parodiar os reality-shows, ainda no formato sitcom.

Acabou por concretizá-lo com uma grande produtora.
Este namoro entre mim e a UAU já durava há algum tempo com uma comédia de que tenho os direitos e que na altura não avançou, por falta de sala. No entanto, quando surgiu esta oportunidade, ou seja quando a UAU ficou com o teatro da Casa do Artista, aquela peça, como tinha muitos actores, tornou-se incomportável.

Por isso desviou a atenção para este formato.

Estava com tanta vontade de voltar a fazer teatro que falei com o Henrique Dias, com quem tinha trabalhado no «1,2,3», e dei-lhe duas ideias de uma peça para andar pelo país. O Henrique, entretanto, formou equipa com o Frederico e o Roberto e os três gostaram muito desta: um reality show com figuras históricas.

Como é que a UAU aparece então?
Curiosamente foi nessa altura que a Sandra Faria, da UAU, me chamou para dizer que já tinha esta sala disponível. Falei-lhe desta ideia e a peça arrancou.

Uma paródia aos reality-shows?
Como queria muito trabalhar com a Ana Brito e Cunha e, obviamente que partir para uma peça destas, é partir para uma perspetiva de tournée, a peça tinha de ser feita com três atores. E apetecia-me imenso voltar ao registo de comédia.

Que é onde se sente peixe dentro de água?
De facto é onde me sinto muito bem, e não há nada que me dê mais prazer do que ouvir as pessoas rir. Ainda por cima acho que veio no período ideal, está tudo muito em baixo.

Escolheu então as atrizes pelo coração?
Fiz mais, escolhi as personagens de acordo com as atrizes com quem queria fazer o espetáculo, porque para fazer uma comédia é importante gostar das pessoas. Por isso escolhi trabalhar com duas grandes amigas.

E tudo se torna mais fácil.
Resolvi escolher três figuras que englobassem três quadrantes da sociedade, a parte mais popular, que é a padeira de Aljubarrota, a parte mais chique, naif e ingénua, que é a princesa Diana, e o lunático para dar ainda mais loucura a isto, o Luís Vaz de Camões.

Tudo uma grande paródia...
Depois da estreia fiz rewind para analisar a evolução das coisas, e dei-me conta do prazer que isto nos deu e da forma como tudo fluiu sem pressões. Foi um processo que cresceu, foi colando as peças devagarinho, e, já depois da estreia, a opinião geral é que o espectáculo é muito divertido.

Não fazia teatro desde que trabalhou com Filipe La Féria, no Politeama?
Fiz no ano passado uma comédia musical fora de Lisboa.

Voltar ao teatro é sempre bom?
É maravilhoso. E estava com muita vontade de voltar a fazer teatro em Lisboa.

Esta peça vai ficar no Teatro Armando Cortez, na Casa do Artista, até quando?
Até o público querer. Temos espectáculo quintas, sextas e sábados, às 21h30, e domingos, às 17 horas. E depois a ideia é mesmo ir percorrer o país, porque este espectáculo tem tudo para agradar.

A começar pela empatia entre os atores.
Sem esquecer o apoio, o profissionalismo, a competência, mas, sobretudo, o carinho da UAU. Há aqui um fator muito importante para mim enquanto ator, que é o lado humano, e eles são de um carinho extremo connosco. Tudo flui e por isso é tão maravilhoso trabalhar assim.

O que lhe disse a sua colega Tânia Ribas de Oliveira depois de ter visto a peça?
Mandou-me uma mensagem e, como somos muito choramingas, já chorámos nos braços um do outro... Disse-me que tinha muito orgulho em mim e que pensava que a peça fosse mais popular. Considerou-o um espetáculo muito actual, muito completo, muito profissional e que toca várias vertentes de humor.

Até tem a vertente musical...
Que vai da marcha a uma coisa mais elaborada... De facto, a equipa que se juntou aqui é fantástica!

Só a trabalhar com prazer é que se aguenta trabalhar tanto. A que horas vai para a RTP?
Às onze da manhã, e saio do teatro à uma da manhã. Mas eu gosto!

É a velha máxima: quem corre por gosto não cansa?
Sem dúvida. São dois registos diferentes, a televisão é uma coisa e o teatro é outra.

Também se percebe que está muito feliz a trabalhar com a Tânia.
Muito. É uma excelente profissional, uma mulher inteligentíssima, muito doce e uma companheira como não há!

Continua a ir ao ginásio todos os dias?
Agora vou duas ou três vezes por semana, já não consigo ir todos os dias. Mas gosto muito e faz-me muita falta para me sentir em forma. A minha principal motivação é a saúde, por isso não bebo bebidas alcoólicas e só fumo dois ou três cigarros por dia, e tenho mais cuidados com a alimentação, como mais peixe, e sinto-me muito bem.

Ainda tem as lojas de animais?

Já não tenho nada, cheguei à conclusão que não tenho alma de comerciante. Animais agora só em casa. No Cartaxo tenho 11 cães.

O que o diverte?
Tanta coisa. Estar com os meus amigos, ver uma boa peça de teatro, um bom filme, viajar, ler, ouvir música. E, ultimamente, estar em casa sozinho a saborear o silêncio.

Cozinha para os seus amigos?
Quando comprei a Bimby fiquei tão entusiasmado, que fazia sobretudo bolos, mas ultimamente tenho cozinhado muito pouco.

Ainda dá as suas escapadinhas a Nova Iorque?
Desde que comecei a fazer o «Portugal no Coração» e vai fazer este ano quatro anos, nunca mais fui a Nova Iorque! Com diretos todos os dias é complicado. Faço umas escapadinhas aqui perto, vou muitas vezes a Madrid.

Vai sozinho?
Às vezes vou. Como não gosto muito de andar de avião, meto-me no carro e faço a viagem tranquilamente a ouvir a minha música. É um momento de descontração tão bom...

O que espera da vida?
Sonho continuar com este discernimento, com esta energia e com saúde. Depois de ter perdido o meu pai no passado dia 7 de Outubro, percebi que a coisa mais importante é a saúde! O meu pai não fumava, não bebia e, de repente, viu-se com um cancro no estômago que lhe tirou a vida...

O que é a felicidade?
É ter saúde, poder fazer o que gosto com as pessoas que gosto, e, por isso, sou muito feliz!

Veja algumas fotos desta divertida peça.

(Texto: Palmira Correia / Fotos: Gonçalo Português)

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